#EleNão: Cearenses ocupam as ruas contra o fascismo e por democracia

"Uma manhã, eu acordei e ecoava: ele não, ele não, não, não! Uma manhã, eu acordei e lutei contra um opressor". Adaptada para a realidade brasileira, a música italiana que simboliza a resistência ao fascismo ecoou na orla de Fortaleza. O cair tarde deste sábado (29), na Praia de Iracema, viu anoitecer um dia histórico e renascer a esperança de milhares de mulheres, as protagonistas do ato, somadas às crianças, jovens e homens que bradavam juntos: Ele Não!

#EleNão Ceará

A manifestação em Fortaleza reuniu quase 50 mil pessoas e somou-se aos atos realizados em outras centenas de cidades espalhadas pelo mundo. A mobilização que começou virtualmente movimentando mulheres de todas as partes as retirou de trás das telas dos computadores e smartphones para ocupar as ruas. O movimento provou que o feminismo e a luta por democracia e pela garantia de direitos pode não ter partido, mas tem lado: o oposto ao do fascismo.

A Primavera Feminista em Fortaleza fez brotar, nas areias da Praia de Iracema, milhares de flores, de várias formas, cores e cheiros que exalavam força e consciência política. As mulheres, que representam mais de 52% do eleitorado, se reuniram no ato “Mulheres Unidas Contra Bolsonaro” contra o avanço do fascismo, o machismo, a misoginia, o preconceito, a perda de direitos e em defesa das minorias e da igualdade de gêneros. “Não queremos nada além nem menos do que merecemos”, afirmou a jovem estudante Isa Gomes, que fez questão de participar do ato histórico.

A jornalista Mara Beatriz, mulher, feminista e membro do Coletivo Mães pela Diversidade também participou do ato e enumerou os motivos de porque #EleNão. “Ele diz que não existe LGBTfobia no Brasil, enquanto minha filha, uma menina trans, foi expulsa da escola pelo simples fato de ser LGBT mesmo um sendo ótima aluna. Porque ele é racista e contra as mulheres. Ele está há sete mandatos no Congresso e não tem um projeto sequer que facilite a vida do trabalhador e do cidadão brasileiro. Ele acha que pode resolver tudo na bala enquanto a gente já vive numa sociedade extremamente violenta. Isto é um retrocesso que não queremos para o país”, considera.

Em caminhada, a manifestação seguiu até o Centro Cultural Dragão do Mar, ícone cearense de diversidade, cultura e espaço democrático. Lá, mulheres que participaram dos atos contra a Ditadura Militar da década de 1960, que foram torturadas e tiveram a vida marcada por episódios de violência e barbárie apresentaram à sociedade o manifesto elaborado pelas cearenses.

Os protestos reuniram os opositores da candidatura de Jair Bolsonaro (PSL) à Presidência da República, que ao longo de sua campanha e trajetória política só aumenta sua lista de desafetos, equivoca-se em colocações, atinge choca, agride a viola o respeito ao próximo.

Por que #EleNão?

– Defende que mulheres ganhem menos;

– Considera que elas são resultado de uma “fraquejada”;

– Afirma que mulher não “merece ser estuprada por ser muito feia”;

– Ofende índios, negros, homossexuais e nordestinos;

– Prega a liberação do porte irrestrito de armas e posa fazendo símbolo de “metralhar” opositores.

-Não compartilha propostas concretas em áreas como saúde, educação, geração de emprego e renda, habitação e tantas outras;

– Acusado de enriquecimento ilícito, sonegação de impostos, ocultação de patrimônio, agressão à ex-mulher, suspeito de lavagem de dinheiro, todas com vasto material jornalístico disponível para pesquisa na internet.

Mundo engajado

Além de Fortaleza, aconteceram manifestações no Ceará nas cidades de Canindé, Crateús, Icó, Iguatu, Itapipoca, Jaguaretama, Jaguaribara, Jardim, Jardim, Juazeiro do Norte, Barbalha, Crato, Limoeiro do Norte, Mulungu, Nova Russas, Paracuru, Paramoti, Pentecoste, Piquet Carneiro, Santa Quitéria, Senador Pompeu, Solonópole e Maracanaú.

No exterior foram confirmados atos em Buenos Aires (Argentina), Nova Iorque (EUA), Boston (EUA), Lisboa (Portugal), Porto (Portugal), Coimbra (Portugal), Londres (Reino Unido), Cambridge (Reino Unido), Paris (França), Lyon (França), Dublin (Irlanda), Madri (Espanha), Gênova (Itália), Barcelona (Espanha), Munique (Alemanha), Düsseldorf (Alemanha), Berlim (Alemanha), Sydney (Austrália), Gold Coast (Austrália), Montreal (Canadá), Haia (Holanda), Atlanta (EUA), Miami (EUA), Genebra (Suíça), dentre outros.