Trump defende seu indicado, acusado de abuso sexual

O presidente dos Estados Unidos, Donald Trump, disse nessa sexta-feira (21) duvidar das alegações feitas por uma mulher que acusa o indicado do presidente à Suprema Corte, Brett Kavanaugh, de agressão sexual

Brett Kavanaugh

Trump usou o Twitter para questionar o relato da professora sobre o que ocorreu durante uma festa em 1982, quando ela e Kavanaugh estavam no ensino médio. 

“Não tenho dúvidas de que, se o ataque contra a Dra. Ford foi tão ruim quanto ela diz, queixas teriam sido prestadas imediatamente a autoridades locais, seja por ela ou por seus amorosos pais”, disse Trump. “Peço que ela apresente esses arquivos para que possamos conhecer a data, hora e lugar”.

Pouco tempo atrás, os Estados Unidos foram palco da campanha #MeToo ("Eu também"), que incentivou mulheres a denunciarem diversos casos de abuso sexual em diferentes áreas de trabalho e institiuções. A campanha, que rapidamente se espalhou para o resto do mundo, tinha como objetivo justamente mostrar como esses crimes são frequentes, e como os agressores na maioria das vezes não são punidos – tanto devido ao descredito dado à palavra das mulheres, quanto pela dificuldade em denunciar. 

O próprio Trump já se envolveu em diversas polêmicas. No começo de sua campanha, foi duramente criticado por se dirigir com desrespeito ao falar de suas relações sexuais com algumas mulheres. Recentemente, foi acusado de pagar irregularmente duas mulheres com quem ele teria tido casos extraconjugais em troca do silêncio de ambas.

“O juiz Brett Kavanaugh é um bom homem, com uma reputação impecável, que está sob ataque de políticos de esquerda que não querem saber as respostas, só querem destruir e atrasar”, escreveu Trump, se mostrando aparentemente impaciente com os procedimentos de confirmação de seu indicado no Congresso. É provável que a recusa do presidente em dar atenção a denúncia da professora tenha relação com as eleições que acontecerão em novembro nos EUA, para o Senado, onde os republicanos temem perder cadeiras.

Uma votação do Senado para confirmar Kavanaugh foi adiada depois que as alegações da professa vieram a público na semana passada, à medida que ela negocia os termos para fazer um depoimento ao comitê do Senado encarregado de sabatinar Kavanaugh.

A professora tem até esta sexta-feira (21) para decidir se testemunha perante o Comitê Judiciário do Senado em uma sessão marcada para segunda-feira (24). Seus advogados e funcionários do comitê conversaram por telefone na noite de quinta-feira (20), disse um porta-voz do comitê, sem dar detalhes.

Os democratas, que já se opunham com firmeza ao juiz conservador de um tribunal federal de apelações antes da denúncia, acusaram os republicanos de apressarem a indicação antes das eleições parlamentares de 6 de novembro.