Dilma: Golpe pode ser contado pelo foco do preconceito contra a mulher

“A história do golpe pode ser contada pelo foco no preconceito contra as mulheres”, disse a ex-presidente Dilma Rousseff, (PT) candidata ao Senado por Minas Gerais. Ela discursou, ao lado da postulante a vice-governadora Jô Moraes, durante Encontro das Mulheres com Dilma e Jô Moraes (PCdoB). A atividade reuniu, na última segunda (10), candidatas a deputadas estaduais e federais do PT e PCdoB, bem como integrantes de diversos movimentos sociais, em Belo Horizonte.

dilma e jo moraes

Na sua fala, Jô afirmou que o país vive um momento de golpe contra a democracia, as mulheres, a justiça, a igualdade e a liberdade, que são femininas. A centralidade de políticas para as mulheres no campo e na cidade, foi uma das recomendações feitas pela comunista a Fernando Pimentel (PT), governador que tenta a reeleição.

Jô ainda disse crer na resistência das mulheres ali presentes contra os neoliberais tucanos do Estado, que trabalham para impedir a liberdade de Lula e a eleição de Haddad e Manuela.

Em um discurso de cerca de trinta minutos, Dilma narrou lutas das mulheres por direitos ao longo da história brasileira. Denunciou o papel no golpe da mídia, de parcelas do judiciário, do setor financeiro e dos derrotados nas eleições de 2014. Na sequência, enalteceu o protagonismo das mulheres contra o golpe.

Dilma destacou que, quando estava no Planalto, era tratada como uma mulher ‘dura, ‘frágil’ e com ‘compulsão pelo trabalho’. Lembrou o preconceito contido na fala de Michel Temer de que governo precisa de marido para aprender a gastar direito e ressaltou o ponto da Reforma Trabalhista que permite que gestantes possam trabalhar em local insalubre.

Ainda referindo-se aos retrocessos derivados do impeachment, falou sobre a redução de vacinas, o aumento da mortalidade infantil, o fim do farmácia popular e o corte anunciado de 50% no ‘Bolsa família’ em 2019.

“A razão do golpe foi enquadrar o Brasil, socialmente, economicamente, e geo-politicamente ao neoliberalismo. Isso seria impossível na democracia, pois este projeto perdeu quatro eleições consecutivas”, frisou.

Ela destacou ainda a importância das políticas para as mulheres dos governos petistas. Mencionou a lei Maria da Penha, a lei do Feminicídio, a casa das mulheres (extinta após o golpe), o atendimento das mulheres vítimas de estupro no SUS. Enfatizou também as políticas sociais, como o ‘Bolsa Família’ e o ‘Minha Casa Minha Vida’, que beneficia diretamente as mulheres – e que foi uma ideia de Lula.

“O voto no dia 7 de outubro tem que representar os nossos sonhos, daqueles que querem interromper o golpe”, defendeu. Ao final, Dilma apresentou uma a uma das candidatas. Neste momento, errou o sobrenome de Mara Telles, acertando, ao final, com o auxílio da plenária. Este deslize, diante de todo o discurso das mulheres, foi o fato jornalístico que repercutiu na grande mídia, a partir de reportagem na Folha de São Paulo.

Mara Telles e Dilma Rousseff

Mara, que é professora de ciência política da UFMG, ex-BBB, e candidata a deputada estadual pelo PCdoB, lamentou o enfoque da grande mídia, que repercutiu fato irrelevante diante do conteúdo exposto no evento. Afirmou ainda ter ficado lisonjeada pela atenção dada a ela por Dilma. Em nota, a candidata frisou que o objetivo das matérias publicadas foi o de desqualificar através da figura da ex-Presidente, todas e todos que lutam contra o Golpe e pela Democracia.