Procuradoria diz que atentado “se soma a espiral de discursos de ódio”

Em nota pública divulgada nesta segunda-feira (10), a Procuradoria Federal dos Direitos do Cidadão, órgão do MPF (Ministério Público Federal), condenou o ataque ao candidato Jair Bolsonaro (PSL) e destacou que a conduta "se soma à espiral de discursos de ódio e de violência nas discussões políticas no país".

ódio

"O ataque na última semana – em que pese ter vitimado o candidato que defende o fim de políticas de direitos humanos – demonstrou uma vez mais a importância da proteção e promoção desses direitos, os quais se manifestaram na defesa dos seus próprios direitos à vida e à integridade física, como também no pronto atendimento que recebeu de serviços públicos de saúde e no devido processo de investigação dos fatos que lhe envolveram", afirma a nota assinada pela procuradora federal dos Direitos do Cidadão, Deborah Duprat, e três procuradores adjuntos, afirma. que os direitos humanos não são "privilégios" de minorias e abrangem também o direito à liberdade de expressão política.

A nota destaca ainda que o ataque, em sua dimensão política "se conecta com o assassinato da vereadora Marielle Franco e os disparos de arma de fogo contra a caravana do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva".

Em março, ônibus da caravana de Lula foram alvos de tiros quando passavam por cidades no interior do Paraná. No mesmo mês, a vereadora Marielle Franco (Psol) foi assassinada a tiros no centro do Rio de Janeiro, quando voltava de um evento e foi emparelhada por um carro que disparou contra o seu veículo. A polícia ainda não concluiu as investigações, mas trabalha com a hipótese de homicídio doloso.

A Procuradoria ainda afirma que tais condutas se somam aos elogios feitos à ditadura militar vivida pelo Brasil de 1964 a 1985, do qual Bolsonaro é um dos que adotam tal tese, que criam um ambiente de intolerância e desrespeito aos direitos.

"Esses ataques assumem maior relevo quando considerados no contexto da propagação de ideias que flertam com o desrespeito ao procedimento democrático constitucional ou mesmo de elogios e reverências ao passado ditatorial", diz a nota.

O documento pede a volta nas eleições do "ambiente democrático de respeito às diferenças e dissidências".

"A liberdade de manifestação do pensamento, inclusive político, é também um direito humano. Seu exercício exige responsabilidade e não se confunde com a difusão do ódio e o estímulo ao uso arbitrário da força", diz a Procuradoria.