Presidente espanhol faz primeiro giro pela América Latina

Pedro Sánchez, do Partido Socialista e Operário Espanhol e primeiro-ministro da Espanha desde que seu antecessor, o conservador Mariano Rajoy, foi destituído por crimes de corrupção, passou pelo Chile, Bolívia, Colômbia e Costa Rica

Pedro Sanchez no Chile

O giro de cinco dias por quatro países, como o empreendido por Sánchez, não era feito há muitos anos. Seu objetivo seria o de cobrir o “déficit” da presença espanhola na América Latina deixado pelo seu antecessor, Mariano Rajoy. Também a dura crise econômica sofrida pela Espanha desde 2008 acabou desalojando-a da cena internacional.

O mandato de Rajoy coincidiu com o auge de figuras como Lula (Brasil), Cristina Kirchner (Argentina) e Maduro (Venezuela), progressistas com os quais não sintonizava, por ser conservador. Agora os papéis se invertem: a Espanha está com um governo progressista, enquanto crescem os conservadores na América Latina (com Temer no Brasil e Macri na Argentina, além de Piñera no Chile).

O propósito do Governo espanhol seria o de recuperar o contato com a América Latina, agora que sua melhoria econômica lhe permite fixar mais metas. Escolheu países de diferentes cores políticas para sua gira de apresentação. A Bolívia, com um governo de esquerda, não era visitada por um presidente espanhol há 20 anos.

No Chile, a ideia é dar um respaldo às empresas espanholas com presença na América Latina. Em Santa Cruz de la Sierra (Bolívia), pretende explicar a política de ajuda ao desenvolvimento do novo Governo, depois de o PP de Rajoy recortar os fundos em mais de 70%, mediante a assinatura de um acordo-quadro de cooperação por quatro anos. Também subscreverá um memorando para incorporar a empresas espanholas ao projeto do trem bioceânico que deve unir Ilo (Peru) e Santos (Brasil), através da Bolívia. Em Bogotá (Colômbia), oferecerá ao novo presidente Iván Duque, com quem já se encontrou em julho em Madri, sua disposição a atuar como “facilitador” das negociações com a guerrilha do Exército de Libertação Nacional (ELN), se este decidir seguir com o processo iniciado por seu antecessor, Juan Manuel Santos. Em San José (Costa Rica), visitará o Corte Interamericana de Direitos Humanos.

No dia 15 de novembro, o presidente do Governo espanhol regressará a Antigua (Guatemala) para participar da cúpula ibero-americana e no final de mês irá à cúpula do G-20 em Buenos Aires (Argentina). Ficam pendentes as duas grandes potências ibero-americanas: México, onde o novo presidente Andrés Manuel López Obrador toma posse em 1 de dezembro; e Brasil, em plena campanha para as eleições de outubro, com um resultado imprevisível.