Alckmin e Meirelles querem privatizar refino da Petrobras

Os pré-candidatos à Presidência da República, Geraldo Alckmin (PSDB) e Henrique Meirelles (MDB) já sinalizaram que, se eleitos, darão continuidade à agenda privatista levada adiante pela gestão Michel Temer. Em evento realizado por entidades ligadas ao setor de construção, nesta segunda (6), ambos disseram mostraram disposição para desestatizar a área de refino da Petrobras, além de citarem a possibilidade de vender outras empresas públicas.

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Bem direto ao abordar o assunto, Alckmin disse que pretende quebrar "o monopólio que existe na prática" no refino do petróleo, para aumentar a competição na área e os investimentos no país. Segundo ele, esta atividade "está 99% na mão da Petrobras".

A proposta, que o tucano não detalhou, é parte de sua plataforma pautada pela ideia de redução do Estado na economia. “Vamos fazer uma reforma de Estado. O Estado não deve ser empresário. Deve ser planejador, regulador e fiscalizador, com as agências reguladoras”, disse Alckmin.

Meirelles, por sua vez, deu declarações no sentido de que seguirá não só com a privatização das áreas de refino e transporte de combustíveis da Petrobras, como também com o processo de entrega da Eletrobras.

O ex-ministro da economia de Temer, homem por trás das medidas que prejudicaram os trabalhadores e aprofundaram a recessão, anunciou que pretende “privatizar estatais que atuam na infraestrutura e que têm tido baixo desempenho, pela maneira como herdaram nomeações dos governos anteriores”.

Segundo Meirelles, o BNDES – esvaziado durante sua gestão no Ministério – pode ser utilizado apoiar esse processo, e receberá um mandato claro nesse sentido. Ele disse ainda que a estratégia é acelerar o programa de concessões ao setor privado.

Os dois candidatos procuraram agradar a plateia para a qual falavam, composta por empresários ligados ao setor da construção, prevendo crédito, investimentos e obras.

Alckmin prometeu a destinação de recursos específicos para financiar o setor de saneamento. “Vocês vão ter muito mais crédito, e crédito compatível”, afirmou Alckmin. “Se precisar, o governo equaliza”, declarou, prometendo também zerar o déficit da dívida pública em menos de dois anos.

Parte do governo que fez cair o investimento público a níveis históricos, Meirelles se comprometeu a levar adiante, se eleito, “o maior surto de construção da história do país e um dos maiores do mundo”. Ele falou ainda em destinar R$ 80 bilhões para concluir as mais de 7 mil obras que se encontram hoje paralisadas.

Para isso, ele continua disposto a atacar a aposentadoria dos trabalhadores. "Temos que diminuir as despesas obrigatórias para voltar a investir. Se conseguirmos aprovar a Reforma da Previdência, conjugado ao teto dos gastos, nossas despesas – que hoje representam 20% do PIB e podem subir para 25% em 10 anos – vão cair para 15%", disse, ignorando o fato de que diversos analistas já se pronunciaram sobre a impossibilidade de manutenção da regra do teto de gastos.

Estudo realizado pela pesquisadora Vilma Pinto, do Instituto Brasileiro de Economia da Fundação Getulio Vargas (Ibre-FGV), mostra que a nova regra fiscal exigirá uma queda dos gastos discricionários abaixo do valor considerado mínimo para o funcionamento básico da máquina pública.

Alckmin e Meirelles, além de outros presidenciáveis, participaram do evento O Futuro do Brasil na Visão dos Presidenciáveis 2018, promovido pela Coalizão pela Construção, que reúne 26 entidades representativas da indústria da construção.

Segundo a Coalizão, o setor tem papel central para a geração de emprego formal e renda e responde por mais de 50% do investimento no Brasil. No entanto, dizem as entidades, por causa da crise econômica que combina forte retração no crédito para empresas e redução significativa da renda das famílias, a construção civil tem enfrentado fortes perdas nos últimos anos, sendo o único setor da indústria que não acompanhou os recentes sinais de reação da economia.

A agenda estratégica da indústria da construção, em documento enviado aos presidenciáveis, propõe medidas para reverter a retração do setor. O ponto principal dessa pauta é a retomada do investimento, com foco na infraestrutura, na habitação e no mercado imobiliário, e na geração de empregos.