Petroleiros se reúnem no RJ para avançar na luta contra o golpe

No contexto da grave crise política, institucional e econômica que o país atravessa, a Federação Única dos Petroleiros realiza, desde esta quarta-feira (1º) até domingo, sua sétima plenária nacional (Plenafup) em um hotel na região da Lapa, centro histórico do Rio de Janeiro. O tema do encontro é “Petroleir@s pelo Brasil: Reagir, Lutar, Vencer”.

Petroleiros em defesa da Petrobras - reprodução

A realização do evento na capital fluminense é emblemática. A cidade é uma das que mais sofrem as consequências da política do governo Michel Temer para a Petrobras, além de ter sido atingida pela queda do preço do petróleo a partir de 2014 (hoje em recuperação, cotado em cerca de US$ 70 o barril). A economia do estado depende em grande parte da arrecadação dos royalties do petróleo.

A plenária da FUP reúne 13 sindicatos filiados, do Amazonas ao Rio Grande do Sul, e tem o objetivo fazer uma avaliação geral da situação do país, dos trabalhadores e dos petroleiros em particular. “Vivemos essa conjuntura de golpe, de ataque aos direitos dos trabalhadores e privatização da Petrobras, bem como de outras estatais”, diz o coordenador da FUP, Simão Zanardi. “Queremos avançar na luta porque temos resistido por dois anos ao golpe e às medidas extremamente nocivas aos trabalhadores implementadas pelo governo golpista.”

A entidade realiza a plenária num contexto em que, de uma das maiores empresas de energia do planeta, com o pré-sal sendo considerado uma promessa de futuro para o país, fonte de investimentos, criação de empregos e promoção de desenvolvimento, a Petrobras passou a ser “esfacelada e privatizada a toque de caixa, enquanto a maior descoberta de petróleo da atualidade é entregue de bandeja às multinacionais”, afirma a entidade.

Na visão da FUP, em dois anos governo Michel Temer conseguiu desmontar o projeto nacional de soberania e de desenvolvimento, do qual a Petrobras e o pré-sal seriam sólidos alicerces.

“É prioritário que a plenária aponte para a importância do dia 10 de agosto, o 'dia do basta', caminhos para a libertação do Lula e o registro da candidatura dele dia 15 de agosto. É uma questão de projeto para o Brasil. Qual o projeto que os trabalhadores querem? Um projeto liberal ou um projeto de bem-estar social? Então temos como meta tirar na plenária essa campanha também, além de pautas corporativas, da relação capital-trabalho, dos petroleiros com a Petrobras”, explica Zanardi.

Combustíveis

Outra bandeira que será pauta de destaque da plenária é a campanha por outra política de preços para os combustíveis. “Precisamos desindexar os combustíveis do preço do dólar e do barril do petróleo no mercado internacional. Vai ter também uma luta geral para chamar a sociedade para essa briga”, aponta o coordenador da FUP.

Em avaliação feita em maio, o então coordenador da FUP, José Maria Rangel (licenciado para disputar uma vaga na Câmara Federal pelo PT do Rio), lembrou que a Petrobras está exportando quase 500 mil barris por dia e abrindo mão de refinar o petróleo no país. “A empresa está se transformando em exportadora de petróleo e abrindo mão do mercado interno de derivados. Quem vai pagar o preço final é o consumidor”, advertiu.

Fora a questão ampla e estrutural do país como tema, a plenária vai debater a situação dos trabalhadores do setor de petróleo, vítimas da política promovida pelo governo Temer.

“Fomos muito atingidos com a redução da metade dos salários dos trabalhadores terceirizados e o ataque aos direitos dos trabalhadores próprios da Petrobras. E estamos sob ameaça da venda sistemática de ativos e da própria empresa”, diz Zanardi.