Para Manuela, as eleições são um momento de celebração da democracia

Após a confirmação de sua candidatura à presidenta da República na convenção do PCdoB, nesta quarta-feira (1), Manuela D’Ávila concedeu entrevista à imprensa. Na ocasião falou sobre as perspectivas da campanha eleitoral, defendeu suas propostas para o Brasil e reafirmou a defesa da unidade dos partidos de esquerda. A candidata disse que vai buscar o voto das mulheres e homens atingidos pela crise. Entusiasmada com a campanha, afirmou que a eleição é uma celebração da democracia.

Por Iberê Lopes

“Tenho a convicção de que a nossa candidatura é aquela que tem condições de chegar no segundo turno”. - Richard Silva/PCdoB na Câmara

Ao fim da Convenção Nacional, a presidenciável fez questão de pontuar seu importante papel em colocar as mulheres no protagonismo da vida política nacional.

De acordo com Manuela, a sua jornada nas eleições de 2018 representa “as mulheres que são as mais punidas com as medidas anticrise adotadas por Temer, que são as mesmas que Alckmin e que esses candidatos desse campo defendem (…) eu vou atrás dessas mulheres e desses homens que vivem as consequências da crise e que às vezes demonstram desinteresse na política”.

“Para além de defender a unidade, nós sabemos da viabilidade da nossa candidatura”, ressaltou a candidata do PCdoB. Ela disse ainda que para os comunistas, as eleições são um momento de maior celebração da democracia.

Manuela foi questionada sobre a possibilidade de retirada do seu nome no pleito deste ano. Ela afirmou continuar “esperançosa” de que a unidade possa ser viabilizada. “Nós [partidos de esquerda e centro-esquerda] temos quatro pré-candidaturas. E muitas vezes eu disse que não sou óbice para que duas ou três delas se entendam”, disse.

Diante da complexidade na formação de alianças, ela enfatizou a necessidade e disposição para a unidade da esquerda ainda no primeiro turno das eleições deste ano. “Se surgir alguma novidade nesse sentido nós seguimos entusiastas [de uma aliança]”, acrescentou.

Sobre eventual desistência diante de uma sinalização do Partido dos Trabalhadores ou de outras legendas de esquerda, novamente Manuela disse que deseja ser “porta-voz de uma unidade ainda mais ampla”.

“Este não é um debate que está colocado hoje. Vê bem, tu me perguntas isso depois da maior festa da militância do PCdoB, que depois de 73 anos oficializa a sua primeira candidata à Presidência da República. Para mim é muito significativo ser uma mulher, feminista, candidata nesse momento de crise no Brasil. Uma mulher de esquerda”, respondeu.

Instabilidade do processo eleitoral

A dificuldade na definição das chapas reflete elementos como o calendário das eleições “mais apertado” neste ano. “A gente estava acostumada com um processo eleitoral maior. Essa é a primeira eleição presidencial em que nós temos uma campanha tão curta”, disse Manuela.

Conforme a mais jovem candidata ao Planalto, um cenário que “tem o primeiro lugar nas pesquisas preso” é “atípico”. E complementou: “Isso faz com que a instabilidade aumente. Porque faz com que os debates em torno do processo eleitoral sejam mais acirrados”.

Democracia

“É necessário radicalizar a democracia. Isto é, nós falamos: ‘ocupar o poder’.” Segundo Manuela, é possível fazer um governo com “muito mais participação da sociedade”. “Para mim essas são diferenças, particularidades da nossa candidatura, diante de quatro candidaturas, que fixaram as bases comuns de um novo projeto nacional de desenvolvimento.”

Reforma tributária

O modelo de tributação com caráter mais progressivo e a taxação de grandes fortunas foi defendida por Manuela como fundamental para o combate às desigualdades sociais existentes no país. “É uma matéria que já tramita há mais de duas décadas [no Congresso Nacional]”, disse.

Previdência

O projeto de reforma do sistema previdenciário apresentado por Michel Temer ao Parlamento e derrotado pela oposição não irá adiante num possível governo de Manuela. “Tivemos uma grande vitória no ano passado com a maior greve geral da história recente do Brasil para barrar uma reforma que apenas pune aos mais pobres e não enfrenta privilégios.”

Na interpretação da candidata do PCdoB, há a necessidade de se fazer uma auditoria na previdência pública para verificar o tamanho real do deficit. “Se eu perguntar, cada um apresentará um valor em relação ao número [total].” A solução apontada por Manuela é, primeiramente, saber qual a dimensão “da sonegação para promover um encontro de contas”.

Reforma trabalhista

Impedir o crescimento da informalidade com a geração de empregos e alavancagem da economia brasileira foram as saídas apresentadas pela comunista para melhorar as contas da Previdência. Manuela também reafirmou o compromisso em realizar um plebiscito revogatório para a reforma trabalhista, que devolva os direitos subtraídos dos trabalhadores e aumente a arrecadação do sistema de aposentadorias.

A terceira e última medida anunciada por Manuela foi a quebra dos privilégios existentes no valor pago pelo governo, benefícios que estão acima do teto seriam analisados minuciosamente por um futuro mandato do PCdoB no comando do Estado.