Bolsonaro nega racismo no Brasil e quer controlar o STF

Durante sua passagem por Fortaleza, capital cearense, na quinta-feira (27), Jair Bolsonaro, pré-candidato do PSL à Presidência da República, afirmou que não existe racismo no Brasil e que pretende dobrar o número de ministros do STF, que para ele é um problema. Para ele a solução é indicar "10 do nível do Sergio Moro (…) Pra poder termos a maioria lá dentro". E arrematou: "Governar com um Supremo desses aí é complicado”.

Polêmicas marcam passagem de Jair Bolsonaro por Fortaleza

No dia em que nova pesquisa Ibope/CNI foi divulgada e que ele aparece em segundo lugar, em cenário com a presença do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT), Bolsonaro cumpriu agenda em Fortaleza. Após discurso, em cima de um trio elétrico, no Aeroporto Pinto Martins, o pré-candidato partiu em carreata para a Praça Portugal, tradicional ponto de manifestações da direita na capital, onde também discursou para simpatizantes. Em sua agenda, o ex-capitão do Exército participou ainda de uma entrevista coletiva com a imprensa e de encontro com eleitores e empresários locais.

Com sua “metralhadora giratória”, atacou o também presidenciável Ciro Gomes (PDT), a quem chamou de “doido” e “cangaceiro”; afirmou não haver racismo no Brasil; garantiu que, caso eleito, vai aumentar o número de ministros do STF e ratificou que participará dos debates eleitorais.

Preconceito

“Aqui no Brasil não existe isso de racismo”. A afirmação foi feita no mesmo dia em que a Procuradora-Geral da República, Raquel Dodge, defendeu em parecer o recebimento da denúncia no Supremo Tribunal federal (STF) contra ele por racismo contra quilombolas, indígenas, refugiados, mulheres e LGBTs. A denúncia remonta a uma palestra dada pelo presidenciável, em abril de 2017, onde o deputado usou expressões de cunho discriminatório, contra vários grupos sociais. "Quem é o índio? Ele não tem dinheiro. Não fala a nossa língua. Como ele consegue grandes espaços de terra? A esquerda os mantém em grandes espaços como se fossem animais em um zoológico. Isso vai mudar", disse na época.

Em resposta a um jornalista local, que o questionou sobre sua alta rejeição entre o eleitorado feminino, Bolsonaro tentou justificar a escolha de sua equipe. “Pretendemos ter 15 ministros. Se forem todos gays, machos, fêmeas, negros ou brancos não me interessa. Eu quero é que ele dê conta do recado. Você sabe se eu sou gay? Você tem certeza que eu não sou gay?", questionou. “E o senhor é?", retrucou uma jornalista, ao que o pré-candidato devolveu: "E você é lésbica? Eu não sou. Quem sabe um dia".

Ataques a Ciro Gomes

Em sua passagem por Fortaleza, o presidenciável atacou, de forma indireta, o também pré-candidato do PDT, Ciro Gomes, a quem chamou de “cangaceiro”. Questionado se teria alguma resposta a dar ao ex-governador do Ceará que, um dia antes, havia se referido a ele como “fascista” e “tosco”, Bolsonaro afirmou: “Não respondo porque eu não sou psiquiatra. A gente vai conversar com doido?”.

Ainda sobre Ciro, o militar afirmou não querer um Brasil voltado para "cangaceiro, como esse que nós temos aqui". “Não adianta esquerdalha de um lado, centrão pra outro. Agora está na hora do direito, daquele que pensa no Brasil, na família, em botar um fim na questão ideológica, de quem quer sepultar o comunismo e quer o Brasil pra frente de verdade, não um Brasil voltado para cangaceiro, como esse que nós temos aqui. Não tem lugar para maconheiro no planalto não, nem cachaceiro”, afirmou.

Controle do STF

Alvo de duas ações no Supremo Tribunal Federal (STF), o presidenciável admitiu que pretende dobrar o número de ministros da Corte, de 11 para 21. “O Supremo é outro problema. Vamos passar pra 21 ministros pra gente botar dez lá do nível do Sergio Moro. Pra poder termos a maioria lá dentro. Governar com um Supremo desses aí é complicado”, sentenciou.

O pré-candidato do PSL afirmou ainda que não terá 2º turno nas eleições de 2018. Segundo ele, já está se preparando para ser presidente do país. “Eles vendem o interesse próprio deles e negociam divisão dos bens públicos”, afirmou.

O deputado federal fez também críticas ao programa Mais Médicos. Para o pré-candidato, Cuba exportou ao Brasil “guerrilheiros fantasiados de médicos".