Meirelles diz que povo não tem 'saudade do Lula', mas do poder de compra

Conhecido por sua relação com o sistema financeiro, o pré-candidato do MDB à Presidência, Henrique Meirelles, disse que pretende desembolsar os R$ 70 milhões necessários para bancar a sua campanha ao Planalto.

Henrique Meireles - Foto: José Cruz/Agência Brasil

Antes de se tornar ministro da Fazenda do governo Michel Temer, Meirelles recebeu R$ 217 milhões em pagamentos por consultorias. Entre 2012 e 2016, como presidente do conselho de administração da J&F, dos irmãos Joesley e Wesley Batista, recebeu outros R$ 180 milhões. Em 2002, quando se elegeu deputado federal pelo PSDB de Goiás, ele declarou à Justiça eleitoral possuir patrimônio de R$ 42 milhões.

A afirmação vem num momento em que a sua campanha não dá sinais de que vá decolar. apesar de ser o candidato do governo, Meirelles tem apenas 1% das intenções e voto. A chiadeira interna na sigla é porque os recursos para a campanha de Meirelles podem reduzir os valores para as demais candidaturas da legenda, já que esta será a primeira campanha sem o financiamento empresarial.

A afirmação de Meirelles foi feita em entrevista ao Valor Econômico. A pressão é para que Meirelles desista da candidatura para que a sigla feche alianças mais viáveis que garanta a permanência no poder.

Sobre a impopularidade recorde de Temer, que acumula 82% de rejeição nas pesquisas, Meireles diz que "não ajuda nem atrapalha", porque "a população está tendo a sua situação pessoal melhorando".

Questionado sobre as denúncias contra Temer no Supremo Tribunal Federal e as investigações em andamento, Meirelles não saiu em defesa de Temer. “Ele tem totais condições, pelo jurista que é e por ter excelentes advogados, de se defender, colocar os seus argumentos e apontar eventuais problemas”, declarou.

Tentando descolar da imagem de ministro do Temer, responsável por medidas como a Emenda 95, que congela os investimentos públicos por 20 anos, Meireles se apresenta dizendo que é o candidato "responsável" pela política econômica do governo Lula, descaradamente tentando surfar na aba do líder das pesquisas de intenções de voto.

Na sua viagem lunática, Meireles insinua que Lula era apenas o presidente da República e que ele era o personagem principal do governo. "Não podemos esquecer de quem era o presidente do Banco Central do governo Lula. Era eu", disse ele, afirmando que a população não tem "saudade do Lula, mas saudade do poder de compra". Ora, poder de compra esse garantido pela decição política de um governo comandado por Lula. 

Mas bem longe da política implantada no governo Lula, Meirelles defende uma agenda que, além do teto de gastos, inclui a redução do Estado. Durante o governo Temer do qual participou, essa redução do estado representa o desmonte de programas sociais e a privatização de setores estratégicos em favor do mercado financeiro.

Ele garante que a economia pode crescer até 4% em seu eventual primeiro mandato. “A fase de sangue e lágrimas já foi superada”, disse. Mas Meirelles afirma isso desde que o governo Temer completou um ano no poder.