De Marcos a Galeano: quem é o comandante zapatista?

Dizem que hoje está de aniversário, mas não só a data é incerta, como também sua identidade. Pouco importa, o subcomandante Galeano, antes conhecido como Marcos, é mais que apenas um homem, é um pensamento coletivo.

Subcomandante Galeano - Wikicommons

Conhecemos o subcomandante Marcos no dia 1 de janeiro de 1994. Neste dia, enquanto as máximas autoridades do México festejavam a entrada o páis no Tratado de Livre Comércio com os Estados Unidos e Canadá, um exército indígena armada de Chiapas declarou guerra ao governo mexicano: o Exército Zapatista de Libertação Nacional (EZLN).

Desde então, suas palavras, seus pensamentos, seus atos e sua rebeldia revelaram ao mundo muito mais que aquele rosto oculto por um touca de onde só se pode ver os olhos.

O subcomandante se converteu rapidamente em uma referência de luta para o campesinato e o movimento indígena mexicano, uma identidade humana que começava a ser coletiva.

Origens

Marcos chegou a Chiapas promovendo a teoria maoísta junto a outros companheiros do EZLN, mas ao encontrar os movimentos indígenas locais, transformou seu pensamento, sua prática e seu discurso.

“El sub” [como é chamado] é apenas um par de olhos dentro de um milhares de olhos de homens e mulheres que criaram uma sociedade diferente, com uma organização autónoma, justa e solidária: espaços autogestionados onde “o povo manda e o governo obedece”.

A aplicação destas regras se dá através de diferentes formas, como as cinco regiões conhecidas como Caracóis, organização regional que articula os Municípios Autônomos Rebeldes Zapatistas.
Cada Caracol funciona como uma espécie de nó: por dentro articula as comunidades territorialmente, por fora são o primeiro ponto de encontro entre a sociedade civil e os zapatistas.

O pensamento de Marcos

Entre os autores que sempre recorrer, é possível mencionar Louis Althusser, Michael Foucault, Alain Badiou. Uma de suas principais influências é o marxista italiano Antonio Gramsci, além de Carlos Monsiváis, Emiliano Zapata e Ernesto Che Guevara.

De Marcos a Galeano

No dia 26 de maio de 2014, Marcos apareceu para alguns meios de comunciação, na comunidade La Realidade, em Chiapas, para anunciar o fim do “subcomandante Marcos” e o nascimento do “subcomandante insurgente Galeano”, em homenagem ao zapatista de mesmo nome assassinado poucos dias antes.

O subcomandante Galeano hoje

Em uma coletiva realizada recentemente, em abril, Galeano afirmou que o capitalismo não permitirá a vitória de Andrés Manuel López Obrador na corrida presidencial mexicana [mas o candidato lidera as pesquisas]. “A serpente capitalista está enlouquecida e vai por tudo contra todos”.

“O capital não permitirá nunca que vençam Lulas, nem Dilmas, nem Kirchners, nem Correas, nem Evos, nem Obradores, pois isso significa um respiro, ainda que López Obrador seja moderado”, afirmou o comandante zapatista.

Em dezembro do ano passado, participou de um fórum chamado “Conciências para a Humanidade” e sentenciou que no México não existia mais Estado. O que existe agora, disse: “é uma máfia criminosa sustentada por um grupo armado que se ampara na Lei de Segurança Interior”.