Petroleiros iniciam greve mesmo com intimidação da PM e TST

A política de reajuste dos combustíveis comandada pelo atual presidente da Petrobras, Pedro Parente, é um dos alvos da greve de advertência de 72 horas dos petroleiros, iniciada à meia-noite desta quarta-feira (30). Às vésperas do início do protesto algumas refinarias receberam a presença da tropa de choque da Polícia Militar, como a Replan, em São Paulo. Decisão do Tribunal Superior do Trabalho (TST) considerou na terça-feira (29) à noite a greve ilegal. 

Petroleiros greve e advertência 72 horas. 30 de maio de 2018 - reprodução

Os petroleiros mantiveram o movimento, que atingiu nesta manhã a troca de turno de 10 refinarias. O protesto dos petroleiros, que se encerrará no dia 1º de junho, reivindica a redução dos preços do gás de cozinha, da gasolina e do diesel, a retomada da produção de combustíveis nas refinarias brasileiras e o fim das importações de derivados de petróleo. “É Uma greve contra o desmonte da empresa que é estratégica para a nação”, diz convocação da FUP.

TST e multa de diária de 500 mil aos petroleiros

José Maria Rangel, coordenador geral da Federação Única dos Petroleiros (FUP), afirmou que o TST não ouviu o lado dos trabalhadores. “O principal ponto que eles colocam é o fato da greve ser política. A primeira coisa que os ministros do TST tinham que se perguntar é como que eles chegaram ao Tribunal. Foi através de indicação política. O fim da Justiça do Trabalho, imposta pelo golpe, também é uma decisão política. O fato de Pedro Parente estar destruindo a Petrobras é uma decisão política. Tudo em nossa vida gira em torno da política”, ressaltou o coordenador da FUP.

“Nós sabemos o que está em jogo neste país. Nós não vamos ter que impedir os petroleiros de entrarem para trabalhar porque eles não vão trabalhar, pois sabem o que está acontecendo dentro da Petrobras. Eles sabem que está em curso um processo de entrega do patrimônio público”, explicou José Maria, ao comentar as multas diárias de R$ 500 mil que o TST determinou por medida de paralisação que os sindicatos realizarem, inclusive piquetes.

Intimidação com Polícia Militar

Em Paulínia (SP), os petroleiros da Replan foram surpreendidos com a presença de uma tropa de militares dentro da refinaria a poucas horas da deflagração da greve. Segundo o Sindicato Unificado dos Petroleiros do Estado de São Paulo (Sindipetro Unificado-SP) estiveram no local cerca de 10 viaturas, um helicóptero água da PM e um caminhão da tropa de choque.

“Não se trata de escolta, porque os policiais entraram dentro da refinaria e por lá ficaram, à vista de quem quisesse vê-los. A ação nos pareceu uma tática de intimidação da empresa, de ameaça aos trabalhadores, diante da greve prestes a começar”, afirmou o diretor do sindicato Gustavo Marsaioli.

A presença dos policiais militares não intimidou o sindicato que manteve a greve. “Essa não é a primeira vez na história que os petroleiros enfrentam tentativas de se provocar medo e pavor na categoria. Mais uma vez vamos resistir. Ninguém vai nos intimidar”, completou Marsaioli.

Adesão à greve

De acordo com informações da Federação Única dos Petroleiros, a greve neste primeiro dia atingiu Reman (AM), Lubnor (CE), Abreu e Lima (PE), Rlam (BA), Reduc (Duque de Caxias), Regap (MG), Replan (SP), Recap (SP), Repar (PR) e Refap (RS). Também estão parados os trabalhadores da SIX, Superintendência de Industrialização de Xisto (PR), e das Fábricas de Fertilizantes Nitrogenados (Fafen) do Paraná e da Bahia.

Na Transpetro, a greve segue nos terminais do Paraná, de Santa Catarina, do Rio Grande do Sul, do Espírito Santo, do Amazonas, do Ceará, de Pernambuco, de Campos Elíseos (Duque de Caxias) e de Cabiúnas (Macaé).

No Rio Grande do Norte, os trabalhadores dos campos de produção terrestre do Alto do Rodrigues e de Mossoró também aderiram à greve, assim como os petroleiros do Ativo Industrial de Guamaré e da Estação Coletora do Canto do Amaro.

Participam ainda da greve os trabalhadores da Usina Termoelétrica Leonel Brizola, em Duque de Caxias, e os petroleiros das unidades de tratamento e processamento de gás natural (UPGNs e UTGCs) do Espírito Santo, onde os petroleiros da sede da Petrobras, em Vitória, também se somaram ao movimento.

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