Clima tensiona entre as Coreias; Trump, como sempre, ameaça

A quinta-feira (17) foi tensa para as relações entre a Coreia Popular e a Coreia do Sul. Enquanto um dos principais negociadores do Norte chamou o governo sul-coreano de “ignorante e incompetente”, após ter ralizado exercicios militares em conjunto com os EUA, o Sul reuniu seu Conselho Nacional de Segurança e anunciou que continuará mediando conversas entre EUA  e Coreia Popular

kim e Trump

Depois de meses de aproximação progressiva, que incluiu a assinatura de um acordo de paz entre Norte e Sul, a Coreia Popular anunciou o cancelamento da reunião com a Coreia do Sul e pôs em dúvida a própria cúpula entre Kim Jong-un e Donald Trump, marcada para 12 de junho em Singapura. O motivo são as manobras militares conjuntas que estão sendo realizadas pelos Estados Unidos e pela Coreia do Sul, que deverão acontecer até o dia 25 de maio. Participam dos exercícios, chamados Max Thunder, uma centena de aeronaves, incluindo bombardeiros estratégicos B-52, além de cerca de 1.500 soldados.

“Essas operações, que apontam para nós, representam uma violação flagrante da Declaração de Panmunjom [acordada entre Kim e o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, durante a histórica reunião de 27 de abril] e uma clara provocação militar contra os desenvolvimentos políticos positivos na península coreana”, disse a agência de notícias Yonhap, citando a norte-coreana KCNA.

A Coreia do Sul deu diversos sinais esta semana de estar descontente com a realização dos exercícios militares conjuntos com os Estados Unidos, já que o presidente sul-coreano, Moon Jae-in, tem como um de seus principais objetivos de governo a estabilização das relações com o Norte, além da paz tão almejada.

Não está claro ainda o que a Coreia Popular ganhará em troca de sua desnuclearização. O vice-ministro das Relações Exteriores da Coreia Popular denunciou a "ofensiva de pressões e sanções" em curso contra o seu país e acusou Washington de interpretar mal "a generosidade e as medidas decididas [da RPDC] como um sinal de fraqueza".

Criticando as exigências de Washington para "cessões unilaterais e incondicionais" no que respeita à desnuclearização, o vice-ministro norte-coreano lembrou aquilo que viria a ser o destino da Líbia e disse que tal tipo de negociações é inaceitável para Pyongyang. A Líbia, depois de ter entregado, em 2003, o seu programa nuclear e de mísseis balísticos aos norte-americanos, foi invadida em 2011 pelos EUA e países aliados da OTAN, que destruíram o país norte-africano e o mergulharam no caos.

Donald Trump não tardou em responder de forma agressiva. O presidente dos Estados Unidos ameaçou Kim Jong-un com a possibilidade de uma intervenção militar, como aquela em que EUA e europeus fizeram para ajudar a oposição líbia a derrubar Muammar Kadhafi.

Falando no Salão Oval da Casa Branca na quinta-feira (17), Trump disse que Kim poderia permanecer no poder se os dois lados chegarem a um acordo para livrar a Coreia Popular das armas nucleares. Caso contrário, o país deve esperar “total dizimação”, disse o presidente em sua primeira ameaça direta a Pyongyang desde que os dois lados concordaram em negociar, segundo informa a Exame.

Um dos maiores desconfortos da Coreia Popular com relação aos EUA atualmente é a presença de John Bolton na assessoria de Segurança Nacional de Trump. Há poucos dias Bolton sugeriu que o desarmamento nuclear da Líbia servisse de modelo para a Coreia Popular, o que deixou os negociadores da Coreia irados. Bolton também foi contrário a acordos anteriores com Pyongyang e foi um dos partícipes da saída dos EUA do acordo com o Irã.