A vida irreverente e libertária de Tarso de Castro

Estréia, no dia 25, o documentário A Vida Extra-Ordinária de Tarso de Castro, que conta a vida deste profissional que abriu caminhos novos ao jornalismo.

Por José Carlos Ruy

Tarso de Castro

O jornalista Tarso de Castro foi a personificação do chamado, em gíria antiga, “porra louca” – sua vida era jornalismo, bebida e mulheres; jornalista que incluía esquinas obscuras em suas fontes de informação. Amou as mulheres, entre elas a lendária Candice Bergen. E bebia sem parar. Dizia aos amigos: “Prefiro viver pela metade por uma garrafa de uísque inteira do que viver a vida inteira bebendo pela metade”. E foi a cirrose hepática que o levou da vida, em pleno vigor de seus 49 anos de idade (viveu entre 1941 e 1991).

Fundador de O Pasquim, em 1969, foi o responsável pela criação da imagem irreverente e desbocada do jornal que marcou a oposição contra a ditadura militar e a censura. Foi, com sua informalidade absoluta, o divisor de águas do jornalismo brasileiro. Leveza e irreverência que tentou levar ao jornalismo hegemônico com a criação, em janeiro de 1977, do suplemento Folhetim, da Folha de S. Paulo.

O jornalismo de Tarso era muito diferente daquele que predomina nas grandes redações de hoje, com seu respeito mítico ao poder, aos poderosos, e o reverente respeito de tantos profissionais, às opiniões dos patrões, que impera absoluta.

A irreverência inaugurada por Tarso de Castro, não era assim. Gaúcho de Passo Fundo, filho do jornalista Múcio de Castro, dono de O Nacional, daquela cidade, foi nas lutas da imprensa local, que, aos brados de “pasquim”, “pasquim”, vituperava contra o rival Diário da Manhã, que inspirou o nome irreverente do tablóide que seria lançado em 1969 e que, em poucas semanas, virou grande sucesso nas bancas de jornal do país, vendendo mais de 200 mil exemplares por semana.

Jornalista como não se fazem mais – sobretudo na mídia hegemônica e patronal –, Tarso de Castro seria, hoje, um desadaptado na profissão – e não pelo porra-louquismo de que era acusado. Mas pela informalidade, pela rejeição ao poder e aos poderosos (seria um indignado opositor do golpe de 2016, oposição que trazia em seu DNA rebelde). Desadaptado principalmente pelo compromisso com a verdade, hoje tão vilipendiada nas grandes redações.

Nesta sexta-feira (25) estreia o documentário que relata sua passagem pelo jornalismo e pela cultura brasileira, A Vida Extra-Ordinária de Tarso de Castro, dirigido por Leo Garcia e Zeca Brito.

Veja o trailer: