Queda do PIB no trimestre desmonta discurso de "retomada" de Temer

Um dia após a cerimônia de Michel Temer para celebrar os dois anos de golpe em que o slogan foi "O Brasil voltou", numa suposta referência a retomada do crescimento, números do Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br), espécie de sinalizador do Produto Interno Bruto (PIB) divulgado nesta quarta-feira (16), confirmam que o discurso do governo é uma farsa.

Michel Temer - Marcos Corrêa/PR

De acordo com o IBC-Br, o país encerrou o primeiro trimestre com baixa de 0,13%, após registrar queda de 0,74% em março. A queda foi puxada pela baixa de 0,1% da produção industrial, alta de 0,3% do varejo e variação negativa de 0,2% dos serviços.

Em março, a produção industrial encolheu e terminou o primeiro trimestre estagnada, enquanto o setor de serviços apresentou nos três primeiros meses do ano contração de 0,9 por cento. Somente o varejo terminou o período com ganhos, de 0,7 por cento, mas ainda indicando oscilações.

A conta apresentada por Michel Temer em cerimônia no Planalto não fecha. Em seu discurso, Temer afirmou que “foram muitas realizações em pouco tempo” e creditou ao seu governo "o fim da recessão econômica", a queda na taxa de juros e da inflação.

Mas enquanto a inflação e os juros estão baixos, o desemprego cresce (mais de 13 milhões de desempregados), retendo o consumo e, por consequência o aquecimento da economia.

Com os dados, a expectativa do PIB foi revisada para baixo. De acordo com analistas consultados pela agência Reuters, esses cenário aponta para "um novo possível período de fraqueza da atividade".

Até os economistas mais otimistas consultados pela Focus do BC também preveem uma redução do crescimento do PIB este ano, agora a 2,51%, sendo que no início do ano, estava em torno de 3%. O próprio Temer admitiu em seu discurso que o crescimento da economia neste ano deve ficar em 2,5%.

Juros

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, afirma que o Comitê de Política Monetária (Copom) deve tomar a decisão sobre o rumo da taxa de juros no país mirando no ritmo da economia.

Com a retração do PIB no trimestre, a taxa de juros deve cair hoje de 6,5% para 6,25%. Mas a medida não deve se repetir nos próximo meses. Isso porque a alta do dólar deve por fim ao ciclo de queda da taxa de juros.