Coreia Popular quer diálogo e não "rendição ao estilo líbio"

A Coreia Democrática não está interessada em quaisquer negociações que visem uma desnuclearização unilateral sem garantias e não ficará sem defesas, disse o vice-ministro das Relações Exteriores

Coreia Popular

Citado pela agência noticiosa norte-coreana KCNA, Kim Kye-gwan afirmou nessa quarta-feira (16) que o futuro do encontro entre Pyongyang e Washington, agendado para o dia 12 de junho em Singapura, e o das relações bilaterais entre ambos os países "seria claro" caso Washington insista numa "desnuclearização ao estilo líbio".

O vice-ministro das Relações Exteriores da República Popular Democrática da Coreia (RPDC) denunciou a "ofensiva de pressões e sanções" em curso contra o seu país e acusou Washington de interpretar mal "a generosidade e as medidas decididas [da RPDC] como um sinal de fraqueza".

Criticando as exigências de Washington para "cessões unilaterais e incondicionais" no que respeita à desnuclearização, o vice-ministro norte-coreano lembrou aquilo que viria a ser o destino da Líbia e disse que tal tipo de negociações é inaceitável para Pyongyang.

"Se os EUA nos tentarem empurrar para um canto e forçar a um desarmamento nuclear unilateral, nós já não estamos interessados nesse diálogo, e não nos resta outra alternativa senão reconsiderar o processo de negociações", disse Kim Kye-gwan, citado pela KCNA.

Isso "já não é uma tentativa de resolver as questões pela via do diálogo", mas antes de "forçar ao nosso Estado digno o destino da Líbia e do Iraque", acrescentou, manifestando dúvidas de que os Estados Unidos estejam de fato interessados num diálogo e numas negociações francas.

Recorde-se que os EUA invadiram o Iraque em 2003, alegando que Bagdad detinha armas de destruição massiva – que nunca foram encontradas. As tropas norte-americanas ainda permanecem no país doOriente Médio, assim como a guerra e a destruição.

A Líbia, depois de ter entregado, em 2003, o seu programa nuclear e de mísseis balísticos aos norte-americanos, foi invadida em 2011 pelos EUA e países aliados da OTAN, que destruíram o país norte-africano e o mergulharam no caos.

Manobras bélicas e encontro cancelado

As declarações de Kim Kye-gwan têm lugar um dia depois de Pyongyang ter decidido suspender a reunião prevista para essa quarta (16) em Panmumjom, com o propósito de dar sequência aos acordos alcançados a 27 de Abril entre Kim Jong-un, líder norte-coreano, e Moon Jae-in, presidente sul-coreano.

Em comunicado, a RPDC afirma que o cancelamento foi devido aos "imprudentes" exercícios militares conjuntos entre os Estados Unidos e a Coreia do Sul, que acontecem na Península coreana até ao próximo dia 25.

A RPDC acusa Washington e a Coreia do Sul de "desafiarem de forma aberta a declaração de Panmunjom", subscrita no final do mês passado num encontro histórico entre os líderes da Coreia dividida.

Sublinhando que as manobras bélicas referidas são os maiores exercícios do gênero alguma vez efetuados na região, a RPDC afirma no documento que o exercício visa "elevar à máxima expressão as sanções e pressões" contra o país, constituindo "um ensaio de ataque preventivo aéreo contra a RPDC e a conquista do domínio aéreo de toda a Península Coreana", indica a Prensa Latina.

De acordo com o texto, participam nos exercícios militares mais de cem aviões, incluindo os bombardeiros estratégicos nucleares B-52 e caças furtivos ultramodernos, como os F-22 Raptor, entre outros meios de combate aéreo e eletrônico de última geração.