Lula: Feira do MST é mais uma demonstração da luta dos sem terra

Ex-presidente, que está preso em Curitiba, enviou uma carta saudando o MST e a iniciativa da Feira da Reforma Agrária.

Lula MST - Ricardo Stuckert

Durante a conferência da alimentação saudável, realizada na manhã deste sábado (5) como parte da programação da III Feira Nacional da Reforma Agrária, foi lida uma carta enviada de Curitiba pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Na mensagem, Lula destacou a trajetória do Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra (MST) na defesa do direito à terra e na produção de alimentos saudáveis.

“Enfrentando preconceitos e muitas vezes a força bruta dos defensores de que a terra seja apenas uma mercadoria, muitas vezes usada apenas para especulação. Nessa trajetória houve muitos sacrifícios, pessoas queridas que não conseguiram ver as muitas vitórias do movimento, com famílias assentadas e produzindo um futuro melhor para o seus filhos e o Brasil”, escreveu.

O ex-presidente ainda relembrou que esteve nas duas primeiras edições da Feira Nacional. “Ela é uma demonstração para a sociedade, no coração da metrópole, do resultado da luta do MST: famílias com uma vida digna no campo e alimentos saudáveis para a cidade. Mais de 70% do alimento consumido pelo brasileiro vem da agricultura familiar”.

Lula lamentou ainda não poder estar presente nesta edição. “Esse ano não posso estar com vocês. Mas espero em breve estarmos juntos de novo, construindo o país melhor – mais solidário, mais humano, menos desigual – pelo qual sonhamos e seguimos na luta. Forte abraço”, finalizou.

Em resposta à carta enviada pelo ex-presidente, a dirigente do MST Kelli Mafort, leu uma uma mensagem direcionada a Lula. “Gostaríamos, antes de tudo, de agradecer a sua lembrança na carta dirigida a nossa feira”, disse.

No texto, o MST destaca ainda o papel do movimento popular na defesa da democracia e da liberdade. “Esse é um espaço, não só de afirmação da viabilidade da Reforma Agrária, mas também de defesa da nossa democracia frente ao golpe que nos assola. Sabemos que você está preso hoje por ter cometido o ‘crime’ de ter sido o principal responsável pela diminuição da histórica desigualdade social no nosso país durante o seu governo; pelo ‘crime de combater a fome e a miséria que durante tantos anos caracterizou o nosso país e que agora começa a retornar à realidade, fruto do golpe. Sabemos que você está preso hoje por ser a maior ameaça ao projeto neoliberal. E por isso nós nos comprometemos a lutar cotidianamente para garantir a sua liberdade e o direito de candidatar-se nas próximas eleições”.

A carta termina com um convite para que, livre, Lula participe da próxima Feira da Reforma Agrária, onde poderá saborear um dos seus pratos preferidos, a carne de bode.