PGR denuncia mais um ministro de Temer: Blairo Maggi, da Agricultura

O rei da soja e ministro da Agricultura de Temer, Blairo Maggi, foi denunciado pela procuradoria-geral da República nesta quarta-feira (2) por corrupção. A PGR diz que ele teria participado de um esquema de venda de vagas no Tribunal de Contas do Mato Grosso (TCE-MT) em 2009, quando ele era governador do estado.

Temer e o ministro da Agricultura, Blairo Maggi, - Clauber Cleber Caetano / PR

Além do ministro de Temer, o conselheiro do Tribunal de Contas Sérgio Ricardo de Almeida também foi denunciado por corrupção ativa e lavagem de dinheiro.

De acordo com a PGR foram colhidas provas que apontam que houve pagamentos ao então conselheiro Alencar Soares Filho para que ele se aposentasse, para a entrada de um indicado de Maggi. Ainda segundo a PGR a propina aceita por Alencar chegou a R$ 12 milhões, que teria saído dos cofres públicos.

O esquema teria se efetivado em 2012 e permitiu a indicação do ex-deputado estadual Sérgio Ricardo de Almeida para o tribunal de contas.

"Os valores foram desviados da Assembleia Legislativa ou do Executivo por meio de estratégias como contratações simuladas de serviços que jamais foram prestados", afirmou a PGR em nota.

Apesar de afirmar que o valor da propina pode chegar a R$ 12 milhões, a procuradora-geral da República, Raquel Dodge requer que seja determinada a perda da função pública e o ressarcimento de danos no valor de R$ 4 milhões.

Agora, Maggi vai se somar a outros ministros denunciados pela PGR, que inclui os ministros Eliseu Padilha (Casa Civil) e Moreira Franco (Energia).

Em fevereiro de 2017, Temer disse que afastaria temporariamente os ministros que fossem denunciados por crimes. No entanto, ele próprio já foi denunciado duas vezes e a terceira denúncia está a caminho.

Quem é?

Candidato à reeleição para o Senado, Maggi (PP-MT) arrematou recentemente uma fazenda de 105 mil hectares, sendo apenas 51,59 mil de área produtiva, com culturas como soja, milho e algodão.

Maggi foi durante mais de uma década, o maior produtor de soja do país. Hoje é o terceiro maior. Assumiu o Ministério da Agricultura em 2016 e, desde então, tem sido o ministro dos sonhos da bancada ruralista e do agronegócio, emplacando uma série de retrocessos no campo.

Foi ele quem propôs o alívio das dívidas previdenciárias dos ruralistas, reduzindo o orçamento para a reforma agrária e demarcação de terras indígenas e quilombolas em 2018.

É dele também o PL 4059/2012 que pretende liberar a venda de terras para empresas estrangeiras, assim como empresas nacionais com participação de capital estrangeiro, o que é vetado pela Constituição e se configura como uma violação da soberania.