Com reforma trabalhista, desemprego cresce novamente e atinge 13,1%

O desemprego aumentou mais uma vez no país. Neste primeiro trimestre de 2018, a taxa de desocupados chegou a 13,1%, segundo pesquisa do IBGE divulgada nesta sexta (27). A tendência é de piora e agravantes como a reforma trabalhista, falta de investimentos públicos pelo governo nos setores sociais e as incessantes tentativas de privatização da Petrobras e Eletrobrás barram qualquer possibilidade de melhora na taxa de desemprego.

Por Verônica Lugarini

desemprego

Nesta sexta-feira (27), o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) divulgou mais um número preocupante. A taxa de desemprego no Brasil alcançou 13,1% no primeiro trimestre de 2018, isso significa a soma de mais 1,4 milhão de pessoas no contingente de desempregados.

O aumento foi de 1,3 ponto percentual entre o último trimestre de 2017 (dezembro) e os primeiros três meses deste ano. Enquanto isso, o número de trabalhadores com carteira assinada caiu 1,2% frente ao trimestre anterior, uma redução de 408 mil pessoas e o número de trabalhadores com carteira atingiu menor nível da série histórica, iniciada em 2012.

De acordo com o economista Roberto Piscitelli, da Universidade de Brasília (UnB), fatores como o baixo investimento no país e as tentativas de privatização da Eletrobrás e Petrobras influenciam o mercado de trabalho e, consequentemente, a queda do emprego formal.

Segundo o economista, os níveis de investimentos estão muito baixos, e não só dos investimentos privados, mas principalmente dos públicos. Para ele, o investimento do governo é indispensável para que o setor privado vá atrás do Estado e invista, o que não está acontecendo.

“Quando o governo anuncia esses programas de privatização da Petrobras e Eletrobrás, duas empresas chaves dentro do aparato governamental e que são fundamentais na definição de políticas públicas, ele não está impulsionando [a economia e o mercado]. E sem esse impulso, sem uma alavancagem governamental, o setor privado não irá fazer novos investimentos e dificilmente o empresário vai sair na frente e gerar novos empregos”, explicou o professor em entrevista ao Portal Vermelho.

Piscitelli disse ainda que o número de funcionários públicos no Brasil é pequeno se comparado com países mais desenvolvidos, como a França:

"Gosto de assinalar que ao contrário do que se pensa, em outras economias desenvolvidas, a participação dos empregados do setor público é bem maior. Se somar todos os trabalhadores empregados do setor público no Brasil, eles representam apenas 1/8 de todos trabalhadores que é menos do que em países como a França e do que a média dos países europeus. Portanto é um dos grandes mitos desse país dizer que existem muitos empregados do setor público".

As demissões também devem ser intensificadas com a privatização das estatais e com a paralização de investimentos após a aprovação da Emenda Constitucional 95 que congela os investimentos por 20 anos. Sem a geração de novos postos, o brasileiro fica desempregado e desprotegido por falta de políticas sociais.

Trabalho informal

Ainda segundo o IBGE, também teve queda de 1,5% (493 mil) de pessoas com carteira assinada na comparação com o mesmo período de 2017.

“O que se observou nos últimos tempos foi o aumento no número de trabalhadores por conta própria, mas isso não aconteceu porque temos um grande número de empreendedores individuais, aconteceu porque as pessoas fazem qualquer coisa para sobreviver. Elas se ‘penduram’ onde é possível, já que o emprego é mais importante para a sobrevivência delas do que eventualmente o nível de remuneração ou as garantias que um emprego formal poderia oferecer”, falou Piscitelli.

“Então, esse 'por conta própria' é aquele que realmente perdeu o emprego, não encontra colocação e tem trabalhos mais precários e de pouca remuneração. E, além de tudo, ao perderem o emprego informal, eles não têm nenhuma proteção social. Quer dizer, são candidatos a indigência ou a assistência social. Esse é um grande problema e a tendência é de aumento do emprego informal”.

Questionado sobre a reforma trabalhista, o professor foi enfático e disse ser inegável o agravamento desse quadro com a reforma trabalhista. Ou seja, piora de um cenário de queda do emprego com carteira assinada e um aumento de trabalhos informais.

Política

O economista afirmou ainda que o discurso do governo de que houve uma recuperação muito lenta é muito “fajuto”. Porque embora exista toda uma propaganda oficial, da retomada do crescimento, essas falas têm a ver com uma tentativa de propaganda eleitoral do governo e do próprio ex-ministro da Fazenda [Henrique Meirelles].

No ano passado Meirelles afirmou que a “nova lei trabalhista” deveria gerar mais de 6 milhões de empregos no país. Enquanto isso, o saldo do início da reforma foi exposto pelo IBGE: a terceira alta trimestral seguida e o menor número de trabalhadores com carteira assinada desde 2012 e a expectativa é de piora desse quadro.