Vítimas da Carne Fraca, frigoríficos brasileiros são barrados na UE

 Depois de a Operação Lava Jato aniquilar a indústria de óleo e gás do país, a Carne Fraca vai no mesmo caminho no que diz respeito aos frigoríficos brasileiros. A União Europeia anunciou que vai proibir 20 estabelecimentos brasileiros de exportarem carne para o continente. A decisão ocorre mais de um ano após o escândalo deflagrado pela Operação da Polícia Federal.

carne

"Os Estados-membros votam (unanimemente) a favor da retirada de 20 estabelecimentos brasileiros cujas importações de carne de produtos a base de carne (especialmente aviários) estão atualmente autorizadas", anunciou uma porta-voz do Executivo europeu em um curto comunicado.

A retirada é uma resposta às "deficiências detectadas no sistema de controle oficial brasileiro", explicou.

A Associação Brasileira de Proteína Animal (ABPA), que representa os produtores nacionais de aves, informou ao G1 que 12 seriam da BRF, líder mundial de produção de frango e dona das marcas Sadia e Perdigão, e 8 de outras empresas brasileiras. O embargo entrará em vigor 15 dias após a decisão ser oficialmente publicada.

Desde a deflagração – com estardalhaço – da Operação Carne Fraca, em março do ano passado, a UE reforçou medidas sanitárias contra o Brasil. Após a segunda fase da operação, deflagração em março deste ano, a UE avaliou a necessidade de novas medidas contra o frango brasileiro.

A operação investiga mudanças em composição de alimentos, impróprios para consumo, e o esquema de pagamento e recebimento de propina para negligência nas fiscalizações.

O governo federal suspendeu provisoriamente a exportação de 10 fábricas da BRF de frango para a Europa, mas o Ministério da Agricultura liberou nesta quarta-feira (18) as unidades para exportar para UE, mesmo admitindo que elas poderiam ser barradas pelo bloco.

UE é responsável por 7,5% do frango vendido pelo Brasil ao exterior, em toneladas, e 11% em receita, segundo dados da ABPA.

Diversos analistas apontam que a Operação Carne Fraca deu continuidade ao desmonte das cadeias produtivas estratégicas do país, cuja primeira vítima foi a engenharia nacional.