Ocupação de Fortaleza: Sete dias por Lula, pela Democracia e pelo povo

Cerca de 50 mil pessoas passaram pela Praça da Justiça, na capital, entre a instalação do acampamento, no dia 11 e o encerramento na noite da última terça-feira (17). Agora, somos um acampamento em movimento.

Ocupação de Fortaleza: Sete dias por Lula, pela Democracia e pelo povo - Tiago Moura

Foram sete dias de luta por Lula, pela Democracia e pelo povo no Acampamento do Povo Cearense por Lula Livre: a resistência somos nós, na Praça Murilo Borges (da Justiça Federal), em Fortaleza. Conforme as Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, organizadoras da iniciativa, cerca de 50 mil pessoas passaram pelo local entre a instalação no dia 11 e o encerramento na terça-feira, 17 de abril. A data não foi escolhida à toa: um dia inteiro de atividades e de multidão na Praça, marcando os dois anos do golpe jurídico-midiático no Brasil.

O espaço foi palco de atos, vigílias, ações culturais, debates, místicas, shows e muitas outras ações que movimentaram de forma intensa o Centro de Fortaleza e que chamaram a atenção dos frequentadores da área comercial da capital e da opinião pública para a necessidade do debate social sobre a prisão arbitrária e sem provas do ex-presidente Lula, no dia 7 de abril. Entre as centenas de pessoas acampadas durante a semana, houve representação dos 184 municípios do Estado.

Nesta terça-feira, na última atividade da jornada de luta no local, 10 mil homens e mulheres, de diferentes cores, etnias, classes, origens geográficas, religiões, idades, orientações sexuais, militantes e simpatizantes da causa, participaram de mobilização que “descomemorou” a efeméride de dois anos do golpe contra Dilma Rousseff (PT), registrado no fatídico 17 de abril de 2016.

Na avaliação das lideranças sociais, partidárias e sindicais presentes, como resultado do impeachment fraudulento, foi organizado um verdadeiro desmonte do Estado Democrático de Direitos, com a eliminação das liberdades políticas da esquerda, com o ataque aos direitos sociais, trabalhistas e previdenciários da classe trabalhadora e com o desenvolvimento de um projeto fascista de país.

Acampamento em movimento

Diante da prisão de Lula – o mais novo e duro ataque à democracia – o povo cearense decidiu iniciar o acampamento em Fortaleza no dia 11 de abril como forma de expressar sua solidariedade e indignação. As Frentes Brasil Popular e Povo Sem Medo, organizadoras do acampamento, classificam o ex-presidente como um preso político que sofre uma das maiores perseguições da história do país.

O presidente da CUT Ceará, Wil Pereira, parabenizou “quem deu o sangue, quem dormiu debaixo de chuva, quem enfrentou o sol e resistiu nestes dias de acampamento em Fortaleza”. O dirigente destacou ainda as próximas tarefas do processo de luta: “Este foi um dos três acampamentos que apontou para um país uma resistência. Esse acampamento ficará agora em andamento nos bairros e no interior do Estado. Temos agora que fazer um primeiro de maio histórico, sobretudo em defesa do Lula em defesa das nossas bandeiras. De revogar a reforma trabalhista que tanto tirou do trabalhador e não deixar vir para a pauta a reforma da previdência”.

Wil Pereira refere-se à decisão de seguir com o acampamento em movimento, pelos bairros, pelas sedes e distritos dos municípios, em um processo de organização popular e trabalho de base intenso, com o objetivo de ampliar a mobilização popular em todo canto do Ceará. “Nosso acampamento deve seguir no meio do povo! Por isso, convocamos todo o povo cearense a se mobilizar de forma permanente”, anunciou uma carta aberta entregue à população durante o Ato 2 Anos de Resistência ao Golpe e por Lula Livre.

Comitês, unidade e 1º de Maio

A ideia agora é centrar o foco na organização de comitês populares em defesa da liberdade de Lula e pela construção de um projeto popular para o Brasil. Entre outros direcionamentos sugeridos pelos organizadores do acampamento, está: o boicote às emissoras de rádio e televisão que criminalizam os movimentos sociais e a luta por democracia; a ocupação das ruas e redes sociais com #LulaLivre; além da construção do maior 1º de Maio da nossa história – dia de luta pela liberdade de Lula e em defesa dos direitos sociais da classe trabalhadora.

Essas ações fortaleceram a unidade das forças de esquerda, populares e progressistas do estado do Ceará por uma pauta comum: Lula livre e candidato à presidência da República; Por eleições democráticas e livres; Pelo voto popular nos partidos de esquerda; Pela defesa de um país soberano e justo, com base na construção do projeto popular para o Brasil.

Números do Acampamento Lula Livre Fortaleza

5 Aulas públicas realizadas
10 Oficinas realizadas
25 mil cartas escritas para Lula
Apresentações de 70 artistas
105 mil litros de água utilizados doados para banho e alimentação
3.500 kg de alimentos doados
Público total de 50 mil pessoas, entre fixos e rotativos
Participação de quatro partidos políticos: PSOL, PT, PCdoB e PCO
Adesão de 25 entidades: MAB, MST, Levante Popular, Núcleo Popular, JPT, UJS, Para Todos, Consulta Popular, MTD, MTST, UBM, RUA, Intersindical, MMM, Mulheres com Dilma, PCdoB, PT, Juristas pela Democracia, Rede de Médicos/as Populares, CUT, CTB, Fetamce, Comunicadores pela Democracia, Kizomba, Sindicato dos Bancários e Fetraece
Coordenação de duas Frentes: Brasil Popular e Povo Sem Medo

Frases durante falas públicas no Acampamento

“Esse acampamento sem dúvida se configura como um processo político, pedagógico, de construção de unidade, de organicidade e de solidariedade entre os diversos movimentos que integram as frentes. Um processo onde foi possível integrar o conjunto das lutas”. (Ticiana Studart, da Marcha Mundial das Mulheres, uma das responsáveis pela programação do movimento de ocupação)

“Temos que ir além da Frente Brasil Popular e Povo Sem Medo, temos que chamar outros lutadores do campo democrático para estar prontos e de guarda levantada. Essa ameaça não é somente a Lula e ao PT, é uma ameaça a qualquer pessoa que venha ganhar a eleição”. (Sérgio Farias, MTST/Frente Povo Sem Medo)

“Foi uma semana intensa e cheia de simbolismos. Nós saímos hoje do acampamento físico para um acampamento móvel com uma agenda de mobilização da luta e tendo como referência o próximo período de defesa da democracia. A pauta fundamental é não eleger nenhum candidato que tenha sido golpista”. (De Assis Diniz, presidente do PT Ceará)

“O Golpe de 2016 foi articulado pelos poderosos, pelo imperialismo norte-americano, por parte da elite brasileira, os banqueiros e os donos dos meios de comunicação, tendo a frente a Rede Globo e o grande capital financeiro, setores do estado e do poder judiciário, do Ministério Público e da Polícia Federal. Foi um consórcio para tirar uma presidenta eleita democraticamente pelo povo”. (Luís Carlos Paes, presidente do PCdoB-CE)

“Tivemos a rebeldia para dialogar com a população de Fortaleza sobre a ilegalidade da prisão do ex-presidente Lula e também para nos colocar em solidariedade ao companheiro”. (Miguel Braz, do Levante Popular da Juventude)

“O povo cearense começou este acampamento no dia 11 e está finalizando na noite de hoje (17). Agora vamos continuar fazendo no meio do povo, nos 184 municípios do Ceará. Com cada trabalhador e cada trabalhadora nós vamos falar sobre esta situação. E a nossa pauta é clara: primeiro nós queremos Lula livre. Segundo: temos que decretar que nenhum dos políticos golpistas traidores do povo brasileiro se elegerá no dia 8 de outubro, porque o voto do povo vai ser vermelho e de esquerda de ponta a ponta nesse país. Esse vai ser o nosso troco e a nossa tarefa é seguir construindo isso”. (Maria de Jesus Santos, dirigente do MST-CE)