Ilan já fala em aprovar autonomia do Banco Central antes das eleições

O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, avaliou nesta segunda (2) que é "viável" a aprovação, no Congresso Nacional, de proposta que prevê autonomia do Banco Central ainda neste semestre, antes da "turbulência do período eleitoral". Trata-se de mais uma tentativa de entregar à raposa o comando do galinheiro.

Ilan Goldfajn l Foto: Marcelo Camargo/Agência Brasil

 "O Banco Central é o único [órgão] que regula um setor e não tem um mandato fixo que outras agências têm. Certamente é o único banco central do mundo que não tem autonomia por lei. Entre os outros 60 maiores bancos do mundo, somos o único diferente. Chegou o momento de a gente mudar isso", acrescentou.

A reforma é defendida pelo governo e propõe um mandato fixo para o presidente e diretores do Banco Central, que seria não coincidente com o do presidente da República. Segundo Goldfajn, a aprovação da autonomia do BC, por si só, reduziria “o prêmio de risco sem gastar um centavo”. Ele descartou, porém, que exista a intenção de ampliar o mandato do órgão para além do controle da inflação. 

Tentando evitar uma maior rejeição ao projeto, o governo, a princípio, propunha incorporar mais um objetivo para a política monetária do Banco Central. Com o chamado "duplo mandato", a autoridade monetária teria que se preocupar não só com o controle de preços, mas também como o crescimento econômico para garantir emprego. Mas o mercado financeiro, do qual Ilan é representante, imediatamente manifestou sua oposição a esta ideia.

Os defensores da autonomia do Banco Central alegam ela faria com que as decisões sobre política financeira ficassem fora de influências políticas. Na prática, uma falácia, porque os chamados "técnicos" do mercado financeiro têm seus próprios interesses a defender, afinal. 

Diversos críticos da medida argumentam que ela levaria a uma completa desregulação e descontrole. Para esses, quem tem de definir a política econômica do País, que tem forte impacto no dia a dia da população, é um governo eleito, e não os tais técnicos financeiros.