FHC endossa Alckmin e diz que atentado é culpa do Lula

De Londres, onde está, o tucano Fernando Henrique Cardoso (PSDB) resolveu falar sobre o atentado sofrido pelo ex-presidente Lula quando estava em caravana pela Paraná. Ele seguiu a tônica dos discursos de líderes tucanos que culparam a vítima pela ação criminosa.

Por Dayane Santos

Fernando Henrique Cardoso

“Está na hora de os líderes entenderem que suas palavras, principalmente as de desrespeito a decisões legais, têm consequências que podem ser ruinosas para a democracia”, disse Fernando Henrique em entrevista à Folha.

Apesar do discurso, Fernando Henrique e seu partido, o PSDB, foram os responsáveis pela profunda crise política que o país enfrenta. Ao não aceitar a derrota nas urnas e atuar em consórcio com outras forças políticas conservadoras pelo golpe de 2016, os tucanos disseminaram e insuflaram a intolerância e o ódio.

Logo após a divulgação do resultado das eleições, em 2014, dando a vitória a presidenta Dilma Rousseff, o PSDB iniciou uma campanha que teve como mote a frase dita pelo vice na chapa de Aécio, senadora Aloysio Nunes: quero ver a Dilma sangrar.

Agora, Fernando Henrique afirma que os ataques à caravana do ex-presidente Lula e outros conflitos acentuam a necessidade de fortalecimento das instituições.

“Há tempos venho alertando sobre a radicalização crescente. Ou prestigiamos as instituições e a lei, ou nos arriscamos a ver o crescimento de ‘chuvas de ovos’, ou, o que é pior, eventualmente, a ouvir tiros que podem atingir alguém”, afirmou.

Antes de FHC, o pré-candidato tucano e governador de São Paulo Geraldo Alckmin, disse que o PT estava colhendo o que plantou. No dia seguinte, o tucano mudou de tom e disse que a violência tem de ser condenada. Mas o estrago já estava feito.

A retórica dos tucanos – e de outros da ultradireita – é a mesma: levou tiro porque provocou. Além do fato da esquerda ter governado este país por 13 anos e episódios como esse não prevalecerem na sociedade como acontece hoje, o discurso segue a campanha de criminalização dos movimentos sociais. Afirmam que a esquerda é a responsável por esse ambiente de intolerância. Volta e meia citam ocupações como as feitas pelo Movimento dos Sem-Terra (MST), para justificar essa tese.

A realidade é que os sem-teto ou sem-terra, índios, quilombolas e outros movimentos acusados de incitar a violência, são as principais vítimas de chacinas e emboscadas, ou seja, apenas um lado perde vidas e somente outro que atira.