“Aberração”, resume Ciro sobre decisão contra Lula

Ciro Gomes ex-ministro e pré-candidato à Presidência da República pelo PDT, comentou a decisão do Superior Tribunal de Justiça (STJ), que negou o pedido de habeas corpus preventivo do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

Ciro Gomes - Foto: Guilherme Santos/Sul21

Para Ciro, o Poder Judiciário buscou dar uma resposta à população sobre a morosidade e lentidão da justiça ao autorizar a prisão em segunda instância, em 2016.

Segundo ele, além de uma decisão apertada e “exótica”, a prisão antecipada configura uma “aberração” jurídica. “O Brasil tem adotado determinados atalhos muito perigosos para problemas que são reais”, enfatizou.

Ciro reforçou ainda que a possível prisão do ex-presidente é muito grave para a paz pública e a história do Brasil, pois prender alguém que se afirma, de forma “muito eloquente”, inocente, e que não tenha sido condenado em última instância, pode causar transtornos ao país.

"Se ainda existe a possibilidade de recurso e amanhã ele for preso, e, se por acaso o recurso for atendido e o ex-presidente absolvido, quem irá reparar o prejuízo? Isso é muito grave”, apontou.

O ex-ministro disse ainda que a grave crise política gera “muitas” razões para a população, em especial a juventude, desconfiar da política, no entanto, a política, segundo ele, é a única forma de se resolver as questões comunitárias e coletivas.

“É preciso que a gente mude a política, mas não podemos negá-la. Só a política energizada tem a força de transformar o que eventualmente a gente entenda como errado”, enfatizou.

Liberdade de cátedra

Ao criticar as manifestações do ministro da Educação, Mendonça Filho, contra o curso ministrado, inicialmente, pela Universidade de Brasília (UnB), sobre o chamado “Golpe de 2016”, o ex-ministro explicou que a autonomia universitária precisa ser respeitada.

“A liberdade de cátedra é radical, inclusive para a instituição decidir ensinar besteira, é para a universidade patrocinar estéticas rebeldes, de mal gosto, escatológicas, seja o que for. A universidade quer dizer universo, e ela precisa dar vazão, ambiente e voz a todo tipo de expressão.

Segundo o presidenciável, o país voltou a testemunhar o autoritarismo e a segregação do pensamento diferente. “Lamentavelmente é mentira de nossas elites que nós somos um país pacífico. Nós não temos nenhuma tradição de liberdades e nem de democracia”.