Olívia Santana recebe solidariedade do governador e de entidades

 Cresce a solidariedade à secretária de Trabalho, Emprego, Renda e Esporte do Governo da Bahia, Olívia Santana, vitima de uma agressão racista neste sábado (3). Para governador baiano Rui Costa (PT) esse tipo de crime reflete o comportamento de pessoas que pensam que o pobre e o negro não devem ter o direito de ascender socialmente.

Olivia Santana

 "Algumas pessoas acham que o negro tem que voltar pra senzala, que o negro não pode sair da favela. É por isso que eles ficam com ódio do Lula porque o Lula botou o pobre, o negro na universidade federal pra fazer Medicina, pra fazer Engenharia", afirmou o governador, relacionando o caso com o que chamou de perseguição ao ex-presidente Lula, que foi condenado em segunda instância no caso do tríplex do Guarujá. A declaração de Rui foi feita durante evento de entrega de 137 unidades habitacionais, no bairro de Nova Esperança, na manhã deste domingo (4). "Alguns pensam, só não tem coragem de falar, inclusive aqueles que, na minha opinião, estão perseguindo Lula, de voltar o povo pra favela, pra o morro, pra o isolamento. O povo não vai voltar pra favela, nós viemos pra ficar", ressaltou o governador, sendo aplaudido pela plateia. A secretária Olívia registrou queixa contra o crime na tarde desse sábado (3).

O ex-deputado federal baiano e dirigente nacional do PCdoB Haroldo Lima também externou uma declaração publica sobre o fato por ele definido como “torpe agressão, (…) uma desfaçatez incomum e é um acinte a toda a Bahia, especialmente a sua majoritária população negra”. Para Haroldo a agressão “revela até que ponto o reacionarismo está atrevido, disposto a mostrar sua catadura racista, a mais repugnante”. Para ele “agredir Olivia na Bahia é uma desconsideração total aos grandes valores que estão em ascensão no estado, dos quais Olivia é um exemplo e uma referência”. O histórico dirigente comunista afirmou ainda que “agredida foi a Bahia; agredido foi o governo do estado, do qual Olivia e uma de suas brilhantes secretarias; agredida foi a negritude de nossa terra, da qual ela é uma de suas mais expressivas lideranças; agredido foi o PCdoB, que tem nela uma de suas destacadas dirigentes nacionais”. E ao final enfatizou: “Tamanho insolência não ficará impune. A Bahia exige punição”.

A União de Negras e Negros pela Igualdade (UNEGRO) também manifestou solidariedade à Olivia Santana. Em nota assinada pela presidenta Angela Guimarães “a Unegro repudia veementemente estes ataques racistas e fascistas e se soma à todas/os que exigem justiça e punição às culpadas deste crime inafiançável”. Para a entidade “estamos vivendo tempos do império do ódio de classe, racista, machista e Lgbtfóbico, propagado por uma elite perversa hoje instaurada no poder central do país com o advento do golpe que feriu de morte a nossa democracia, que tem o nosso mais absoluto repúdio”. Diz, por fim, que “o movimento negro – junto à outros movimento sociais e o conjunto da população – não se calará diante destas manifestações excludentes e discriminatórias. Pelo contrário, estaremos mais firmes na luta! Acompanharemos integralmente este e outros casos exigindo da Justiça punição exemplar amparada na nossa legislação”.

A UNALGBT da Bahia também se pronunciou sobre a agressão repudiando a “violência vil, covarde e nojenta “ e manifesta apoio e solidariedade à Olívia Santana, a quem definido como “histórica militante não só das causas raciais e de gênero, mas uma guerreira na construção de uma nova sociedade mais justa e mais igualitária”. A nota da entidade afirma ainda que “o racismo é uma covarde violência que atinge toda a comunidade negra e se expressa na vida cotidiana de diversas formas”.

A Central dos Trabalhadores e das Trabalhadoras do Brasil (CTB) também condenou o gesto o racista praticado contra Olívia Santana. Mônica Custódio, secretária da Igualdade Racial da CTB, prestou a solidariedade da central à secretária do governo da Bahia e ativista do movimento negro e feminista. Custódio afirma que "o nível de agressão, o ódio destilado, foi sem precedentes, é isso que a população negra passa cotidianamente. Muitos de nós ouvimos e nos calamos, outros fingem que não ouvem como defesa, outros ouvem e vão à luta em defesa de seus direitos, e têm dessas e desses que se fortalecem, e passam a fazer a luta no coletivo por que sentiram na pele, e na alma, que o duelo é mais que ideológico, e ou estrutural, e existencial"