Chacina em Fortaleza era tragédia anunciada, afirma vereadora

A vereadora Eliana Gomes (PCdoB) emitiu nota oficial em que lamenta, condena e repudia a chacina que vitimou, no último sábado (27), 14 pessoas, deixou outras dezenas de feridos, assustou moradores da região e comoveu toda a cidade. Entre as vítimas, cinco eram mulheres e tinham menos de 30 anos. No documento, com dados, a parlamentar destaca que esta é “uma tragédia largamente anunciada”.

Fortaleza: Vereadora Eliana Gomes repudia violência de chacina

Para Eliana “é assustador” saber que a cidade está sendo engolida por tamanha brutalidade. “É assustador saber que não vivemos realidade diferente de localidades onde acontecem atentados terroristas. Há uma guerra acontecendo”. Preocupada com o avanço da violência na capital cearense, a parlamentar refere-se também a outros acontecimentos, como a Chacina do Curió que, em novembro de 2015, vitimou outra onze pessoas. Nove dos onze homens assassinados tinham entre 16 e 19 anos.

Ela encerra conclamando poderes e sociedade em geral para, juntos, reverter esta triste realidade. “É preciso apontar os erros, ter maturidade para encarar a crítica, debater conjuntamente e unir esforços para superá-los. Também é preciso combater discursos oportunistas e eleitoreiros. A hora é de absoluto compromisso público”.

Leia a seguir a íntegra do documento:

Nota da Vereadora Eliana Gomes sobre a chacina no bairrro Cajazeiras

Repudio com veemência a bárbara execução de 14 pessoas na madrugada deste sábado, 27 de janeiro, em uma festa no Bairro Cajazeiras, em Fortaleza. Esta é a maior chacina do estado do Ceará, conforme confirmado pelo Governo do Estado do Ceará. Além deles, 18 feridos foram levados para hospitais da Capital.

Entre os 14 mortos, a maioria são mulheres, com oito vítimas do sexo feminino e seis do sexo masculino. Um motorista do aplicativo Uber e um vendedor de cachorro-quente estão entre os mortos. Um menino de 12 anos ficou ferido.

É assustador saber que nossa cidade está sendo engolida por tamanha brutalidade. É assustador saber que não vivemos realidade diferente de localidades onde acontecem atentados terroristas. Há uma guerra acontecendo.

As autoridades policiais explicam, inicialmente, que estas pessoas morarem em território dominado por facções criminosas, mas isso não pode se tornar um fator para a naturalização de suas mortes.

Exijo que o caso seja objeto de uma investigação rigorosa e que todas as providências legais e institucionais relativas a ele sejam tomadas.

Trata-se de um fato ainda mais grave, pois o Estado do Ceará registra, com esta, sete chacinas em menos de dois anos. Além disso, 2017 registrou recorde de homicídios no estado: mais de cinco mil, 50% a mais do que no ano anterior e, em 2018, até o dia 25 de janeiro, foram assassinadas 296 pessoas, uma média de 11 mortos por dia. Dessa forma, este episódio configura-se como uma tragédia largamente anunciada.

A chacina das Cajazeiras é mais um capítulo da crise sistêmica que mostra a incapacidade dos Poderes Públicos, não só estaduais, como municipais e nacional, de responder às demandas da sociedade brasileira, marcada cada vez mais por desigualdades sistêmicas, que foram aprofundadas no Brasil pós-golpe.

Vivemos a insuficiência das políticas públicas, a ausência de uma unidade social e estamos refugiados de nossos lares e de nossos sonhos. É preciso apontar os erros, ter maturidade para encarar a crítica, debater conjuntamente e unir esforços para superá-los. Também é preciso combater discursos oportunistas e eleitoreiros. A hora é de absoluto compromisso público.

Termino este texto me solidarizando com os familiares e amigos das vítimas. Coloco ainda meu mandato na Câmara Municipal à disposição de todos e peço a Deus que preserve a vida dos que seguem internados nos hospitais de nossa cidade. Meu coração está com vocês.

Por dias melhores!