Dieese: Inflação cai em SP em 2017 às custas de perdas ao trabalhador

A queda da inflação em 2017 é um fato, como comprovam os vários índices que medem o comportamento dos preços, mas o Dieese – ao divulgar hoje (8) o Índice do Custo de Vida (ICV), calculado na cidade de São Paulo – lembra que a percepção do consumidor não é de queda, porque o resultado final se trata de uma média entre vários itens (quase 600).

Custo de Vida - reprodução

Além disso, no ano passado, mesmo com inflação menor, o poder de compra das famílias paulistanas diminuiu. “O decréscimo da renda média do trabalhador, segundo os dados de todas as pesquisas, e principalmente, os aumentos dos bens essenciais como os serviços públicos, remédios e combustíveis, foram responsáveis pela redução”, aponta o Dieese.

Os dados da Pesquisa de Emprego e Desemprego (PED), feita mensalmente pelo Dieese em parceria com a Fundação Seade (vinculada ao governo estadual de São Paulo), mostram redução de 0,7% no rendimento médio dos ocupados em 12 meses, até outubro, último dado disponível – o valor é estimado em R$ 2.048. Com a queda na renda e na ocupação, a massa de rendimentos cai 1,6%.

O ICV teve variação de 2,44% em 2017, informa o Dieese. O resultado fica bem abaixo do ano anterior (6,15%). Para famílias do chamado estrato 1, que concentra as de menor renda, a inflação no município de São Paulo foi de 1,65%, aumentando para 1,94% no estrato 2 (intermediário) e para 2,93% no 3.

Dos 10 grupos que compõem o índice, em cinco a inflação subiu acima da média geral: despesas diversas (7,78%), educação e leitura (7,16%), saúde (6,02%), habitação (5,76%) e transporte (3,36%). Nos demais, as taxas foram menores ou negativas: recreação (1,47%), despesas pessoais (1,89%), alimentação (-2,15%), equipamento doméstico (-5,12%) e vestuário (-5,46%). Em geral, subiram mais os preços que dependem do governo, caso de combustíveis, e caíram principalmente os que seguem a demanda e a oferta.

O ICV é calculado com base nas variações de 594 itens, 24 dos quais incluídos entre os chamados preços administrados. Nessa categoria estão impostos, tarifas de transporte, combustíveis e contas básicas, como água, gás, luz e telefone. E a alta foi bem maior do que a média geral: 6,79%, subindo a 8,02% para famílias de menor renda. E o peso dos administrados é maior para famílias de menor poder aquisitivo (22,86%, ante 20,51% na média geral). Um item de consumo cotidiano, o gás de botijão, por exemplo, subiu 30,08% em 2017.

Há 44 produtos que o Dieese inclui na categoria “oligopolizados”, como remédios, convênios médicos e cigarros, e responde por aproximadamente 16% das despesas. Só o item despesas e convênios teve alta de 7,72% no ano passado, novamente bem acima da média geral.

Por fim, o grupo de produtos “livres”, que compreende alimentos, aluguéis, compra e manutenção de veículos e itens de vestuários, entre outros. Este representa 63,69% dos gastos das famílias. “Cabe ressaltar que a redução nos preços dos alimentos contribuiu muito para o resultado desse grupo, em parte porque as safras foram boas em 2017, o que garantiu o abastecimento para consumo”, diz o Dieese.