Associação não quer cemitério submarino em Cubatão

A Associação de Combate aos Poluentes organizou um abaixo-assinado para paralisar a operação da cava subaquática. No texto, querem que seja dada destinação correta e tratamento definitivo aos resíduos tóxicos, sendo contra a implantação de cavas subaquáticas no estuário de Santos/SP por considerar que o procedimento é, na verdade, “um lixão químico submarino, cemitério de compostos químicos tóxicos: verdadeiras bombas-relógios preparadas para as futuras gerações”.

cubatao

Marly Vicente da Silva, presidente do Instituto Socioambiental e Cultural da Vila dos Pescadores, tem ficado à frente de um movimento que tenta paralisar a construção da cava subaquática. A obra, no leito navegável, pode acondicionar 2,5 milhão de metros cúbicos de sedimentos contaminados dragados no Canal da Piaçaguera, entre eles metais pesados. Essa cava fica ao lado da comunidade.

Confira a entrevista do jornalista Glauco Braga (SantosEmOff) com Marly:

Quantas pessoas vivem na Vila dos Pescadores atualmente?
– Aproximadamente 30 mil habitantes.

Quantos pescadores temos aí?
– Diretos e indiretos perto de 200.

Vocês foram procurados por alguém para discutir a construção da cava subaquática?
– Não.

O que vocês temem com esse cava tão perto da comunidade?
– O pescado ficou mais escasso e à noite sentimos forte odor de coisa podre.

O que vocês já fizeram e têm feito para saber mais sobre essa cava é o que ela representa para a comunidade?
– Estamos nos organizando, buscando informações e esclarecendo à população local. Fizemos reuniões e audiências. Sabemos que os riscos são a destruição dos manguezais e a extinção da pesca artesanal.

Qual é o maior receio das lideranças da comunidade com essa cava?
– Os impactos no meio ambiente e na população, já que os sedimentos são altamente tóxicos. Não somos contra o desenvolvimento, mas não queremos que Cubatão volte a ser o Vale da Morte.

Vila dos Pescadores

Originou-se, na década de 1960, quando um grupo de pescadores artesanais se instalou no local, visando a exploração do Rio Casqueiro, fonte geradora de seu sustento. Alguns recursos básicos favoreceram o crescimento da vila, como a proximidade do bairro residencial do Jardim Casqueiro e da Via Anchieta

A partir de 1972, devido ao problema habitacional, verificou-se um crescente fluxo populacional nesta área. Esta situação agravou-se, quando a empresa santista de economia mista Progresso e Desenvolvimento de Santos S.A. (Prodesan) iniciou a execução de um aterro sanitário, em território santista situado na margem oposta do Rio Casqueiro, o que obrigou a população que ocupava essa área a se deslocar, vindo a instalar-se na então denominada Vila Siri.