Brasil, o que pensar para 2018?

por Bernardino Jesus de Brito

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Um país de quase 208 milhões de habitantes, no qual, 50 milhões (1/4) vivem em condições de miséria, enquanto 1% da nossa população concentra 1/3 da renda nacional. Esses nossos irmãos dependem do amparo estatal, das políticas públicas e dos programas sociais.

Impossível inserir alguém no mercado de trabalho sem a devida alimentação, limitação que impede qualquer tipo de qualificação profissional. O "ensinar a pescar e não dar o peixe" representa muito mais que simples hipocrisia, é na verdade, desumano, excludente, coisa de gente fria. Individualismo ideológico vendido pelas históricas oligarquias colonizadoras e comprado por grande parte da classe média, que tem os pés no chão da fábrica e a cabeça no mundo da Disney. Rejeita, desvaloriza e até condena o trabalho manual como uma herança traumática da escravidão, algo que deve ser evitado, e que só pode ser realizado por homens inferiores.

Se apropriaram do conhecimento e da tecnologia como algo que os livra da condenação ao inferno da pá e da graxa, omitindo a quantos humanos seus antepassados pisaram pelo caminho para os colocar onde estão. De todo modo, não será pelo ódio que a saída nos apresentará a porta, e sim pela construção de um projeto comum desenvolvimento nacional que preserve a soberania, e que combine a agropecuária e os minérios de exportação a cadeia de produtos agregados, bem como, faça entender aos gestores que, educação e saúde, constituem campos apropriados ao investimento tanto quanto a tecnologia do silício.

Não será pela redução dos direitos aos mais pobres que as contas do país irão se equilibrar, ao contrário, o caminho é justamente a elevação da autoestima, do respeito a dignidade humana, do sentir-se importante no processo de crescimento da nação.
Tenhamos um bom 2018!

Bernardino Jesus de Brito é diretor Executivo do Dieese e diretor do Sindicato dos Trabalhadores nas Indústrias de Energia Elétrica de São Paulo