Palestinos manifestam repúdio à decisão de Trump sobre embaixada 

A Confederação Palestina Latino-americana e do Caribe (COPLAC) emitiu um documento em que caracteriza a decisão de Donald Trump de transferir a embaixada dos EUA da cidade de Tel Aviv para Jerusalém como “ato arbitrário”

Por Alessandra Monterastelli *

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“Nós, palestinos, latino-americanos e caribenhos de origem palestina, denunciamos essa grave situação, que não faz nada além de ameaçar seriamente a paz e a segurança mundiais e da Palestina, em particular, ameaçando uma vez mais a sua integridade territorial e as possibilidades de um diálogo de paz que resolva o conflito”, diz o texto, relembrando ainda que como proclamam as normas e resoluções da ONU, responsáveis por subscrever a regra do direito internacional, Jerusalém Oriental é a capital do Estado da Palestina.

Em 30 de julho de 1980 foi votada no parlamento de Israel a "Lei Básica de Jerusalém, capital de Israel", que em agosto do mesmo ano foi considerada pela ONU como inválida, uma vez que faz oposição à resolução 476 de 30 de junho de 1980, do Conselho de Segurança, que estabeleceu que a "lei de Jerusalém" é uma violação do direito internacional, em especial contra a Quarta Convenção de Genebra de 1949, além de ser um sério obstáculo para a conquista da paz. Jerusalém é uma cidade sagrada para ambas as religiões- judaica e muçulmana- assim sendo, ainda segundo o Conselho de Segurança, todas as medidas que alteraram o caráter geográfico, demográfico e histórico e o Estatuto da Cidade Santa são nulas, sem efeito e ineficazes.

A nota da COPLAC pede ainda aos partidos políticos, sindicatos, organizações de direitos humanos, movimentos sociais, organizações estudantis se manifestem contra a decisão dos EUA em nome de seu “compromisso de honra em defesa da paz”.

“É sob esses preceitos que convocamos todas as organizações da sociedade civil, em todos e cada um dos países em que vivemos para se manifestarem contra a flagrante agressão do presidente Trump aos direitos legítimos do povo palestino”, reitera, lembrando que “a paz não é apenas a ausência de violência, mas são os atos concretos de justiça no terreno, onde o apartheid, a discriminação, a transferência da população nativa, o roubo de terras, a colonização e a violação permanente dos mais elementares direitos não podem ocorrer” em nome do direito de autodeterminação dos povos, isto é, o direito de resistir e defender-se por todos os meios de uma ocupação estrangeira- preceito, aliás, consagrado na legalidade internacional.

A COPLAC manifestou ainda seu desejo de que a decisão “nefasta” do presidente Trump seja revertida, defendendo que “a humanidade precisa do diálogo da paz como um mecanismo urgente para garantir sua própria sobrevivência”. E termina: “ comunidade internacional tem a responsabilidade suprema de assegurar a paz e a segurança a nível planetário. E a Palestina não pode ser a exceção”.

“Resistir à ocupação é um direito e um dever. E disso, a Palestina sabe muito; leva-o no sangue”, conclui o documento.