Padilha diz de "PSDB está fora" e Aloysio afirma que "depende"

Para tentar conter o racha interno provocado pelo desgaste da aliança com o governo de Michel Temer, os tucanos ensaiam uma saída do governo para inglês ver. Nesta quarta-feira (29), o ministro da Casa Civil, Eliseu Padilha, afirmou em coletiva de imprensa que o PSDB estava fora da base aliada, pois a legenda rompeu com o governo.

Eliseu Padilha - Lula Marques

O ministro tucano das Relações Exteriores, Aloysio Nunes, desmentiu Padilha e afirmou que o PSDB "não rompeu com o governo" e que decisão final sobre participação do partido na Esplanada dos Ministérios cabe a Temer.

"O PSDB não rompeu com o governo. O PSDB apoia o programa do governo. A participação ou do PSDB no governo cabe ao presidente [Michel Temer]".

Nesta quinta (30), Padilha moderou o tom do discurso e disse que Temer vai discutir com o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin, sobre a saída dos ministros tucanos do governo federal.

“Ele está definindo isso [saída dos tucanos] na forma com que tem caracterizado o presidente Michel Temer: com muito diálogo, dialogando com as lideranças mais importantes do PSDB, e vai dialogar com o governador Alckmin, presidente do PSDB”, disse o ministro.

A pressão para a saída dos tucanos veio depois da segunda denúncia contra Temer. A base aliada formada pelo chaado Centrão cobrou fidelidade da bancada do PSDB, que rachou na votação. Na reforma da Previdência, apesar de dizer que apoia, o partido não fechou questão sobre o tema, liberando os deputados a votarem como preferirem. 

Segundo fontes do governo, o PSDB estava negociando 3 pontos da proposta de reforma da Previdência para votar a favor da matéria, o que aumentou a desconfiança sobre o apoio do partido, que inicialmente apoiava a reforma, ao projeto.

O líder do PSDB na Câmara, Ricardo Trípoli (SP), disse que se o texto da reforma for a plenário, os deputados e senadores tucanos devem se reunir para discutir como devem votar.

"Mas o PSDB tem 46 deputados, o governo precisa de 308 votos para poder aprovar, nós temos o interesse na aprovação na reforma da Previdência, vamos dar nossa parcela, mas, obviamente, não temos os 308 votos, cabe ao governo buscar o apoio nas outras bancadas para dar esse volume", apontou.

A afirmação de Trípoli ganha ainda mais sentindo quando analisamos a votação da Medida Provisória 795/17, que concede um “pacote de isenções” para favorecer as empresas internacionais envolvidas nas atividades de exploração, desenvolvimento e produção de petróleo e gás natural. O governo aprovou a medida por 208 a 184.

Conversa com Alckmin

O PSDB tem três ministros no governo Temer: Aloysio Nunes (Relações Exteriores), Luislinda Valois (Direitos Humanos) e Antonio Imbassahy (Secretaria de Governo).

A estratégia dos tucanos e fazer uma cena dizendo que vai sair do governo, mas manter tucanos no ministérios e garantir o apoio nas votações do Congresso, ou seja, tucanaram o desembarque.

Toda essa movimentação tem 2018 como foco, já que o acordo do golpe era garantir a governabilidade de Temer e eleger um tucano em 2018. Com o senador Aécio Neves (MG) fora do pário, o governador de São Paulo, Geraldo Alckmin traça as diretrizes para a sua campanha, num desenho que consiga ao menos unir a sigla.

A conversa entre Temer e Alckmin deve acontecer em São Paulo, neste fim de semana, já que Temer tem agenda prevista em Limeira.