CCJ adia novamente votação da PEC das Diretas

A Comissão de Constituição e Justiça e de Cidadania (CCJ) adiou para a próxima semana a votação da Proposta de Emenda à Constituição (PEC) 227/16, que prevê eleições diretas no caso de vacância da Presidência e da Vice-Presidência da República a qualquer tempo do mandato, exceto nos seis últimos meses.

ccj - Cleia Viana/Agência Câmara

A proposta é polêmica, e a discussão tem sido constantemente adiada. Os deputados aliados ao governo têm obstruído os trabalhos. Já a oposição quer votar a PEC, que deve voltar à pauta da CCJ na próxima semana.

O relator, deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), apresentou relatório favorável à admissibilidade da proposta, que finalmente foi lido nesta quarta-feira (29), apesar da obstrução comandada pelos deputados José Carlos Aleluia (DEM-BA) e Alceu Moreira (PMDB-RS).

Para Aleluia, esse não é o momento de discutir a medida, que está relacionada às denúncias contra o presidente Michel Temer. “Num outro momento podemos debater isso, mas nesse momento é uma medida que não ajuda e apenas desestabiliza o país”, disse.

Para o líder do PSB, deputado Júlio Delgado (MG), que é favorável à PEC, não se trata deste ou de outro governo, mas da possibilidade da escolha popular no caso de ser necessária uma nova eleição. “A PEC foi apresentada muito antes de qualquer crise, até mesmo do impeachment, e visa corrigir um equívoco: não faz parte da nossa tradição a eleição indireta. O Brasil quer diretas.”

Proposta no Senado

No Senado, a Comissão de Constituição, Justiça e Cidadania aprovou em maio, por unanimidade, uma outra proposta que vai na mesma linha. A diferença é que a eleição direta só não ocorreria se a dupla vacância ocorrer no último ano do mandato.

Atualmente, a Constituição prevê eleição direta de presidente e vice-presidente em caso de vacância apenas nos dois primeiros anos do mandato. Nos dois últimos anos, a eleição é indireta, e os nomes são escolhidos em sessão conjunta do Congresso Nacional (513 deputados e 81 senadores).