Nova ponte de cooperação entre a China, a América Latina e o Caribe

A China, a América Latina e o Caribe deram um salto nas suas relações ao estabelecer uma área de cooperação econômica e comercial com políticas que garantem uma maior abertura de mercado, mas também com proveito mútuo

china e américa latina

Trata-se de um parque industrial aberto na cidade de Zhuhai -província de Guangdong, no sul- e localizado de forma estratégica na zona de livre comércio de Hengqin, próxima às regiões administrativas especiais de Macau e Hong Kong.

Essa posição integra ativamente à América Latina e ao Caribe no projeto da Faixa e a Rota, promovido desde 2013 pelo presidente chinês, XI Jinping, para interligar vários continentes numa grande plataforma de intercâmbio e infra-estrutura.

O parque teve um investimento total de dois bilhões 500 milhões de yuanes (mais 300 milhões de dólares) e ocupa uma superfície de 244 mil metros quadrados.

Ao todo 15 entidades já assinaram contratos para estabelecer-se lá, dentre elas, a Zona de Livre Comércio de Colombo de Panamá, a Universidade de Macau, a Câmara de comércio do México e a empresa de investimento estrangeiro State Power Investment Corporation.

O lugar oferece políticas preferenciais, serviços de alfândegas e telecomunicações de alta velocidade, assim como incentivos fiscais e financeiros direcionados a atrair e facilitar a estadia de talentos humanos, e companhias nacionais e estrangeiras.

Seus prédios se constroem com tecnologias amigáveis com o ambiente e sistemas inteligentes que, além de assegurar o uso racional de recursos energéticos e hidráulicos, proporcionam um entornam empresarial agradável e de primeiro nível.

Um ponto chave é a acessibilidade, pois tem ligações por via aérea, marítima e terrestre. No último caso mediante linhas de trens de alta velocidade, metros e auto-estradas procedentes de Macao, Hong Kong e Zhuhai que se interligam entre si.

O parque industrial liberará de impostos a entrada de bens latino-americanos e caribenhos visando satisfazer as necessidades de intercâmbio cultural, o turismo, o comércio eletrônico, a pesquisa científica e a inovação.

Entre as múltiplas prestações legais destaca um registro das marcas comerciais que protegerá os direitos de propriedade intelectual, uma corte internacional de arbitragem com juízes hispânico e luso falantes, e um centro de mediação de disputas.

Faz parte dos planos, o estabelecimento de um escritório de contatos em algum país da América Latina que receberá as solicitações de participação e investimento no parque industrial.

A zona de cooperação foi aberta no âmbito da primeira Exposição da China, América Latina e o Caribe (CLAC Expo), efetuada de 9 a 11 de novembro, que juntou mais de 400 assinaturas dedicadas a setores como agricultura, têxteis, transporte, turismo, tecnologia, telecomunicações, serviços médicos e artesanato, entre outros.

Altos representantes de países e organizações internacionais enfatizaram nas oportunidades de ambas as iniciativas para elevar o nível da cooperação mútua na economia, a ciência e a cultura.

Mario Cimoli, representante da Comissão Econômica para a América Latina e o Caribe (Cepal), mencionou para Prensa Latina a importância da unidade regional com respeito às peculiaridades nacionais para aproveitar a entrada ao mercado chinês.

'Seria bom aumentar a integração ainda um bocado mais, cada país por si próprio não dá (…) há economias nossas pequenas que sofrem em grande escala (…) e quando ficam face jogadores tão importantes é bom se unirem e compreenderem as diversidades', disse o diretor de Desenvolvimento Produtivo e Empresarial, e de Comércio Internacional e Integração do mencionado organismo.

Cimoli considerou que desse jeito a zona poderia sentar-se a dialogar com o gigante asiático e obter maior estabilidade nas suas relações comerciais.

'A China vai ser um jogador global muito importante que dalgum jeito necessita que se reconheça seu modelo, mas está disposto a reconhecer os modelos de outros, (…) é bom que cada um veja e capte o distinto do outro', afirmou.

O diretor também chamou a ampliar os laços em domínios como a cultura, a inovação e a tecnologia para assim obter um processo de integração e colaboração muito mais inclusivo.

Acredita que é relevante que a América Latina e o Caribe participassem da CLAC Expo, pois lhes permitiu acessar de primeira mão ao mercado chinês, colaborar entre si e pensar em políticas empresariais de maior efetividade.

Na verdade esse passo abriu um novo capítulo na concreção de alianças chino-latino-americanas e caribenhas mais estáveis e favorecerá um âmbito para a cooperação integral e o desenvolvimento sustentável.

Agora, essas regiões dispõem de uma nova plataforma de abertura e interligação com vantagens para o comércio trans-fronteiriço e a prosperidade mútua.

A nação asiática deslocou do primeiro lugar aos Estados Unidos e à Europa como o principal parceiro comercial da América Latina e o Caribe, ao aumentar a mais 200 milhões as transações mercantis.

Enquanto isso, essa zona é segunda com maior destino do investimento direto da China no exterior, cujo volume total ultrapassou os 150 bilhões de dólares ao fechamento de 2016.