Putin se reune com Assad e outros líderes para pensar a paz na Síria  

Putin recebeu os presidentes do Irã e da Turquia nessa quarta-fiera (22), para negociar uma solução política ao conflito sirio. O presidente russo também recebeu o líder sirio Bashar al- Assad na segunda-feira (20), com o inuito de promover um acordo de paz na Síria. Por trás da possibilidade de negociações está o avanço na empreitada para derrotar o Estado Islâmico 

Bashar Al- Assad e Putin - EPA

O presidente da Rússia Vladimir Putin recebeu, na quarta-feira (22), os presidentes do Irã, Hassan Rouhani, e da Turquia, Recep Tayyip Erdogan. Os três países – que no início do ano intermediaram uma trégua entre as forças de Assad e os grupos rebeldes que se mantém em quatro áreas da Síria –, preparam-se para alargar o alcance dos seus esforços, e negociar uma solução política para pôr fim ao conflito que já causou mais de 400 mil mortes e milhões de refugiados. Paralelamente, haverá uma reunião dos chefes militares russos, turcos e iranianos para coordenar as suas operações na Síria, mais especificamente “a eliminação dos grupos terroristas do Estado Islâmico”.

Putin quer terminar sua ação militar na Síria, após dois anos de apoio as forças do presidente Assad. Foi o envolvimento da Rússia, em nome do combate ao terrorismo, que reverteu a guerra e devolveu a Damasco o controle territorial. “Transmiti ao presidente Putin e a todo o povo russo os meus sentimentos de gratidão por todos os esforços para salvar o meu país”, agradeceu a Assad, em declarações aos jornalistas.

Houve, ainda, um encontro entre Assad e Putin, na segunda-feira (20). Segundo especulam os analistas internacionais, a reunião serviu para que o líder sírio pudesse explicar ao seu anfitrião o tipo de acordo que pretende negociar, isto é, o seu próprio plano para recuperar o país e para obter algumas concessões ou garantias de Moscou, como, por exemplo, na definição das fronteiras internas – as áreas sob domínio do governo, as áreas ainda controladas pelos rebeldes, o território de maioria curda, e as zonas da província de Idlib onde ainda estão ativos os grupos terroristas do EI.

Segundo o porta-voz do Kremlin, depois da conversa preparatória com Assad, o presidente russo está em condições de assegurar que a liderança síria concorda com as condições que sustentam o rascunho de acordo para o fim do conflito. “Assim sabemos que o documento que será discutido é viável”, justificou Dmitri Peskov, que se recusou a confirmar se foram discutidas ou até mesmo acertadas as propostas para o futuro político de Assad. Contudo, a Rússia insiste que este terá que ser decidido pela população síria.

Uma conquista sobre o Estado Islâmico

Na terça-feira (21), logo após a reunião de Assad e Putin, o presidente iraniano Hassan Rouhani fez um pronunciamento para a televisão estatal em que afirmou o fim da organização terrorista do Estado Islâmico.

As declarações surgem no momento em que estão sendo divulgadas diversas fotografias e vídeos da Guarda Revolucionária, que opera fora do Irã, em confronto contra o autoproclamado Estado Islâmico no Iraque e na Síria. Ainda na semana passada, os meios de comunicação iranianos publicaram fotos de Qasem Soleimani no Leste da Síria, na cidade de Abu Kamal, o território que faltava ser conquistado e retirado dos terroristas, o que levou o exército sírio a declarar vitória total sobre o EI no território. A Guarda Revolucionária do Irã está ao lado do governo iraquiano e do presidente sírio Bashar al-Assad.

Putin acredita que a luta contra o EI na Síria está de fato terminando. "Ainda temos um longo caminho para percorrer antes de alcançar uma vitória completa sobre os terroristas. No entanto, no que diz respeito ao nosso trabalho conjunto na luta contra o terrorismo no território da Síria, esta operação militar está de fato terminando”, disse o presidente russo a Assad, em transmissão da televisão russa, informa a Reuters.