Manuela D’Ávila não divide a esquerda, pelo contrário, soma

O PT pode estar recuperando muito do terreno perdido. Mas só vai recuperar se patrocinar a consciência de que as esquerdas são plurais, mas devem trabalhar unidas.

Por Flavio Aguiar*

Lula e Manuela - Foto: Marcelo Favaretti

Todo mundo que me conhece sabe que fui, sou e serei eleitor do Lula. Até que a morte nos separe.

Mas agora quero me manifestar em favor da candidatura de Manuela D’Ávila. Sem prejuízo de que, se eu puder, votarei no Lula.

Andei lendo frases de sobrolhos preocupados: “ela está dividindo a esquerda”…

Ora, as esquerdas (o plural é bom) já estão divididas. Luciana Genro pregou a condenação de Lula na Lava Jato (?!) porque ele seria “um traidor” dos trabalhadores (??!!). Como se a Lava Jato fizesse algo em favor dos trabalhadores. Não fosse uma reedição de Roland Freisler, Andrei Vichinsky e Joe MC Carthy em coral. Pela ordem: o principal juiz do nazismo, o outro, do stalinismo, e McCarthy dele mesmo. Torquemada abençoa.

A hora é de profundas incertezas. Lula poderá ser candidato neste país em que as garantias constitucionais estão suspensas? Em que o Supremo lava as mãos na lama na bacia da inconstitucionalidade? Em que um juiz de primeira instância se proclama e é proclamado acima da lei? Em que procuradores tiram fotos como se fossem os intocáveis de Eliott Ness e um deles apresenta um power-point ridículo e medíocre como se fosse o rei da cocada preta? Tudo para acusar Lula sem provas, como vem sendo feito, semana após semana?

Na verdade, ninguém sabe o que vai acontecer no ano que vem. Trama-se o parlamentarismo. Fascistas navegam pelas ruas à solta. Essa direita – a pior que o Brasil já teve – não deu o golpe para entregar o poder de volta em um ou dois anos. Haverá eleições? Ninguém sabe, ninguém viu.

Neste contexto, o melhor é abrir todas as portas e janelas. Manuela D’Ávila candidata não divide. Soma. A melhor imagem da semana passada foi a dela e Lula, de mãos dadas, apoiando-se mutuamente. Manuela jovem é uma promessa para o futuro. Que navegue em direção a ele. Lula tem 74 anos. Ela, 36.

O PT tem aí lições a aprender. Manuela apela à juventude. E se alguma coisa o PT perdeu – em todas as suas correntes – foi a perspectiva de uma política, de uma linguagem, para a juventude. Tornou-se um partido meio idoso. Agora pode estar recuperando este terreno perdido. Mas só vai recuperar se patrocinar a consciência de que as esquerdas são plurais, mas devem trabalhar unidas. Devem trabalhar unidas, mas são plurais.

Portanto, salve Manuela! De mãos dadas com o Lula.