Novo chefe da PF assume em meio a crise entre Torquato e o governo

O anunciou feito pelo governo de troca do comando da Polícia Federal (PF), com a saída de Leandro Daiello, no cargo desde 2011 (governo Dilma), para entrar o delegado Fernando Segóvia, provocou grande repercussão.

Torquato Jardim

 A maioria das análises sobre o novo delegado, seja na grande mídia ou colunistas, vai na linha de dizer que ele agrada os políticos e que a mudança coloca em risco os rumos da Operação Lava Jato. Segundo fontes do Planalto, o ministro-chefe da Casa Civil, Eliseu Padilha (PMDB-RS), e o subchefe de assuntos jurídicos da pasta e um dos principais conselheiros do presidente, Gustavo Rocha, fizeram campanha para que Segóvia assumisse o cargo.

Ele é delegado há 22 anos. Foi superintendente da Polícia Federal no Maranhão e adido policial na África do Sul, além de comandar a Associação Nacional dos Delegados da Polícia Federal.

De acordo com o jornal O Globo, o candidato indicado por Daiello seria o diretor-executivo da corporação Rogério Galloro. Mas o nome de Segóvia ganhou força e venceu a disputada.

Mas além da questão Lava Jato, Segóvia é resultado também de uma tensão existente com o ministro da Justiça, Torquato Jardim, que não teria gostado da indicação dele.

A Polícia Federal está subordinada ao Ministério da Justiça, portanto, a controvérsia revela o clima de poucos amigos entre o ministro e o governo.

Torquato já enfrenta a insatisfação dos peemedebistas cariocas depois da declaração que apontava uma suposta relação entre o governo do estado, comandado por Luiz Fernando Pezão (PMDB-RJ, e o crime organizado.

Outra demonstração do clima de tensão é o pedido de exoneração do secretário Nacional de Justiça, Astério Pereira dos Santos, que será substituído por Rogério Galloro, que era o candidato de Daiello e também o nome defendido por Torquato para ocupar o comando da PF.

O Ministério da Justiça confirmou o pedido e disse que por meio de nota, que a exoneração se deu por "razões de foro íntimo".

Astério assumiu a secretaria em março deste ano e era responsável por acordos de cooperação jurídica internacionais, civis e penais; recuperação de ativos; política nacional de migrações, refugiados e enfrentamento ao tráfico de pessoas; e classificação indicativa, entre outros temas.

Antes de ser secretário, tinha atuado como secretário de Administração Penitenciária do Estado do Rio de Janeiro e coordenador de Segurança e Inteligência do Ministério Público do Rio.

Segundo o Ministério da Justiça, Galloro tem "extensa experiência e atuação na área internacional" e entrou na corporação em agosto de 1995, além de já ter ocupado "cargos estratégicos", foi adido em Washington, nos Estados Unidos, entre 2011 e 2013.