Cardozo diz que mídia continua escondendo golpe comprado por Cunha

Em entrevista à Rede Brasil Atual, o ex-ministro da Justiça e advogado da ex-presidenta Dilma Rousseff, José Eduardo Cardozo, falou sobre os fatos trazidos pela delação premiada do doleiro Lúcio Funaro. Segundo ele, a mídia ignora o depoimento do doleiro em relação à denúncia de compra de votos para se aprovar o impeachment contra a presidenta eleita.

José Eduardo Cardozo, ministro da Justiça - Agência Brasil

"Dá impressão que alguns jornais só publicaram para dizer que publicaram. Estamos diante de um impeachment presidencial em que alguém disse que houve compra de votos. Isso era para manchetes principais dos telejornais", disse ele, confirmando que a delação será anexada aos autos do mandado de segurança que será julgado pelo Supremo Tribunal Federal, pedindo a anulação do impeachment.

"Se nós tivermos um julgamento justo, dentro daquilo que manda a Constituição, dentro daquilo que mandam as nossas leis, não tenho a mínima dúvida de que esse processo de impeachment é nulo, absolutamente nulo", disse. "Agora tudo se comprova mais ainda com essa delação do doleiro Lúcio Funaro de que Eduardo Cunha, um dos grandes – senão o grande – mentores do processo de impeachment, comprou votos. É a comprovação do desvio de poder, daquilo que nós falamos desde o início da defesa de Dilma Rousseff e depois levamos ao noticiário", acrescentou.

Cardozo enfatizou ainda que durante o processo de impeachment, os parlamentares já tinham decidido derrubar a presidenta, a despeito da fundamentação jurídica e das provas.

"Quando o juiz não está disposto a ouvir as razões do advogado, quando está surdo, fale mais alto para que seus gritos sejam ouvidos fora da sala de audiência e aqueles que estão lá fora percebam o que está acontecendo, percebam a injustiça. No fundo, foi essa linha que nós seguimos."