Trabalhadores intensificam ações contra cortes na agricultura familiar

Na semana que marca o Dia Internacional pela Soberania Alimentar, comemorado nesta segunda-feira (16 de outubro), trabalhadores e trabalhadoras rurais intensificarão a luta contra o corte no orçamento de políticas para o campo proposto pelo governo Temer.

Deputado denuncia propostas desiguais de Temer para agricultura - www.ligiadeslandes.com.br

Sérgio de Miranda, seretário de Finanças da CTB e 2º vice-presidente da Federação dos Trabalhadores em Agricultura do RS (Fetag-RS), destaca que neste ano a data será marcada pela luta contra o corte no orçamento para políticas essencias para o campo. "Além da defesa da recomposição do orçamento para a Reforma Agrária e programas sociais do campo, a pauta da mobilização inclui a defesa da proteção aos pequenos agricultores e assalariados rurais, e o combate à reforma da Previdência", revelou.

Comissão em Brasília

“Nossa principal luta é restabelecer o orçamento da União para a agricultura familiar, Reforma Agrária e Incra. São previstos cortes de até 90%”, diz o dirigente da CTB e vice-presidente e secretário de Relações Internacionais da Contag, Alberto Broch.Broch, que participa em Roma do Comitê de Segurança Alimentar (CSA) junto à Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO). Broch destaca que a Contag está com uma comissão permanente em Brasília, para dialogar com os parlamentares no sentido de evitar qualquer corte no orçamento para o campo.

“Estaremos permanentemente em vigília e mobilizados para fazer o enfrentamento contra a retirada dos direitos dos povos do campo, da floresta e das águas. Por isso, marcamos presença e temos dialogado diretamente com os parlamentares para que nenhum corte orçamentário prejudique aqueles e aquelas que alimentam toda a nação brasileira. Afinal, é a Agricultura Familiar que faça sol ou chuva, vem garantido mais de 70% do que nossa população come, com variedade de nutrientes e sem veneno, entre outros pontos extremamente positivos. Seguiremos animados, na certeza que com mobilização, ganharemos essa batalha entre o querer do povo e o massacre de um “governo” aliançado com os interesses do capital nacional e internacional”, afirma o presidente da Contag, Aristides Santos.

Na opinião dos siindicalistas, com os cortes propostos pelo governo Temer, os assentamentos de Reforma Agrária tendem a acabar, aumentar ainda mais a concentração da terra e fortalecer um tipo de mercado escancarado para as grandes transnacionais de alimentos.

Em defesa da Soberania Alimentar

O Dia Internacional pela Soberania Alimentar teve início em 1981. Hoje é atualmente celebrada em mais de 150 países como uma importante data para consciencializar a opinião pública sobre questões relativas à nutrição e à alimentação.

A data é uma oportunidade de esclarecer que o acesso ao alimento é um direito de todos e todas. É inconcebível que ainda existam no mundo quase 1 bilhão de pessoas passando fome, sendo que a segurança alimentar e nutricional é assegurada como um direito humano em vários tratados internacionais, no que se refere a qualidade de vida.

Neste sentido, a CTB, Confederações, Federações, Sindicatos e a Coprofam (Confederação de Organizações de Produtores e Agricultores Familiares, Camponeses e Indígenas do Mercosul Ampliado), aproveita para reafirmar a Agricultura Familiar como único modelo de produção capaz de garantir alimentação com segurança, soberania alimentar e nutricional, pois a segurança e soberania alimentar e nutricional é a possibilidade de todas as pessoas terem o acesso físico, social e econômico aos alimentos em quantidade suficiente para se alimentarem e de qualidade nutricional.

Para Adilson Araújo, presidente da CTB, é preciso compreender que essa é uma luta de todos e todas. "Em um momento em que o mundo enfrenta uma crise que gerou mais de 60 milhões de refugiados, o tema da soberania alimentar torna-se central, e o pequeno agricultor é responsável por mais de 70% de todo o alimento que chega às mesas dos brasileiros”, avaliou em reunião com o Movimento de Trabalhadores Sem Terra (MST). “O governo está promovendo uma ofensiva absurda, que praticamente extingue as perspectivas de sonhos e realizações desses trabalhadores. Os cortes vão impedir qualquer possibilidade de avanço social, e nos colocam numa rota de extinção dos programas de moradia rural e do fomento à produção do pequeno agricultor”, afirmou o presidente da CTB.