Funcionários públicos protestam contra reforma trabalhista na França

Milhares de trabalhadores aderiram à greve nacional da Função Pública e participaram em manifestações por toda a França, na terça-feira (10), em protesto contra as alterações ao Código do Trabalho promovidas e aprovadas pelo executivo de Emmanuel Macron

Apelo à unidade na luta contra Macron numa das mobilizações de ontem

Foi a primeira vez numa década que os nove sindicatos que representam os cerca de 5,5 milhões de trabalhadores do setor público da França se uniram, convocando a greve nacional e apelando à mobilização.

Cerca de 400 mil pessoas participaram das manifestações que tiveram lugar em mais de 140 cidades francesas, de acordo com a Confederação Geral do Trabalho (CGT), que apontou para uma adesão global à greve na ordem dos 30%.

Em comunicado, a CGT refere que, em alguns setores de atividade, a adesão atingiu os 50% e que algumas escolas, creches, cantinas, hospitais e centros de saúde se viram forçadas fechar as portas ou a diminuir o seu ritmo de trabalho. A greve também teve impacto na Aviação Civil, levando ao cancelamento de cerca de 30% dos voos nacionais e internacionais.

Os funcionários públicos protestam contra a reforma de Macron – classificada pela CGT como um retrocesso "social" e "de civilização" –, que prevê cortes no setor público e a eliminação de 120 mil postos de trabalho, o congelamento dos salários e o aumento dos impostos.

Os sindicatos exigem o fim da precariedade, a negociação de aumentos salariais que possibilitem o aumento do poder de compra, a revalorização das carreiras, uma dotação orçamental que permita responder às necessidades dos setores e a melhoria das condições de vida.

A CGT salienta a grande participação de trabalhadores em situação precária nas manifestações de ontem, em luta pelo fim da precariedade e em defesa da criação de um vínculo trabalhista permanente à Função Pública.

Com a jornada de luta desta terça-feira (10), os trabalhadores quiseram não apenas defender "melhores condições de vida", mas também "assegurar os meios que lhes permitam oferecer às populações serviços públicos de qualidade", afirma a organização sindical.

Entretanto, a CGT convocou uma nova jornada de protestos e greves contra a reforma de Macron para o próximo dia 19.