Sindicato dos Advogados de SP questiona comenda do TRT a Doria

O Sindicato dos Advogados de São Paulo (Sasp) questionou através de petição a decisão do  Tribunal Regional do Trabalho (TRT-2) de São Paulo de condecorar o prefeito de São Paulo, João Doria. De acordo com o sindicato, Doria foi atuante na propaganda pró-reforma trabalhista, recém-aprovada pelo governo de Michel Temer e que, segundo o Sasp, “é um dos mais agressivos ataques a trabalhadores e trabalhadoras no país” e também ataca a Justiça do Trabalho.

João Doria - REPRODUÇÃO/TWITTER

Na cerimônia, realizada no dia 28 de setembro, no Salão Nobre, o prefeito receberia a “Grã-Cruz”, maior comenda do Tribunal, concedida apenas às personalidades que mais contribuíram com a Justiça do Trabalho em termos locais e nacionais. Doria não compareceu à solenidade.

“O prefeito João Doria atuou politicamente, para que a malfadada reforma em questão fosse aprovada, fazendo questão que suas ações nesse sentido, repercutissem publicamente, diz trecho da petição enviada ao TRT-SP pelo sindicato e assinada pelo presidente, Aldimar de Assis e pelos diretores, advogados Ana Lúcia Marchiori, e Marcus Vinícius Thomaz Seixas. O sindicato ainda não obteve resposta sobre a petição e nem se a comenda será confirmada ao prefeito.

Serviços à Justiça do Trabalho?

A direção do Sasp reiterou que “não é possível, que alguém que figurou como um dos principais atores para concretizar um dos maiores ataques à Justiça do Trabalho, receba um título por ter prestado relevantes serviços à Justiça do Trabalho”.

O sindicato recuperou que uma das justificativas de Doria ao defender a reforma trabalhista era a de que a população brasileira seria favorável às reformas: "Eu não tenho a menor dúvida disso", afirmou o prefeito em entrevista ao portal G1, da Rede Globo, em 24 de abril passado. Para João Doria aqueles que são contrários à reforma, trabalhista e da Previdência Social, fazem parte de uma "minoria ruidosa", continuou o sindicato.

De acordo com a entidade, a rejeição às reformas e aos escândalos envolvendo Michel Temer são responsáveis pelos 3% de aprovação e 77% de conceitos ruim ou péssimo atribuídos ao atual presidente.

Alvo de ação trabalhista

Em setembro do ano passado o jornal O Estado de S. Paulo revelou que a Justiça trabalhista determinou que Doria saldasse pendências com trabalhadores que o acionaram na Justiça. O prefeito foi alvo de ações trabalhistas por ex-seguranças que foram contratados por meio de uma empresa terceirizada para prestar serviço a ele e aos familiares. Segundo a Justiça, Doria teve “responsabilidade solidária”.

O sindicato também lembrou que na greve geral dos trabalhadores de 28 de abril contra as reformas de Michel Temer, o prefeito Doria mandou cortar o ponto de funcionários que faltassem, independente de terem se incorporado ou não ao movimento grevista. A entidade também menciona afirmação de Doria que teria dito que só fazia greve quem não gosta de trabalhar.

Nota do Sasp reforça o questionamento: “um dos maiores algozes dos trabalhadores e da Justiça do Trabalho” não poderia receber a “Ordem do Mérito Judiciário do Trabalho da 2ª Região, cuja finalidade é agraciar personalidades ou instituições, nacionais ou estrangeiras, que tenham se destacado em suas atividades no ramo do direito trabalhista ou prestado relevantes serviços à Justiça do Trabalho e em atividades socioculturais”.