Bispo sobre ensino religioso nas escolas: "Retrocesso obscurantista"

O bispo Joaquim Mol, de Belo Horizonte e reitor da Pontifícia Universidade Católica de Minas Gerais (PUC-Minas), criticou a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) de liberar o ensino religioso em escolas públicas.

bispo Dom Joaquim Giovani Mol Guimarães - Reprodução

Por meio das redes sociais, o bispo afirmou que "a decisão é um retrocesso e é obscurantista".

"A confessionalidade da religião é objeto da catequese, na comunidade de fé, na família e, com as devidas adaptações, na escola confessional. Cada um em seu lugar e todos conversando com todos, escola, família, comunidade, sociedade", enfatizou o bispo.

Segundo ele, o ensino religioso em escola pública só pode ser ensino da religiosidade, da dimensão religiosa, das atitudes e valores condizentes com a religião.

"O problema é a confessionalidade, na escola pública, com recursos públicos e a possibilidade certa de hegemonia da Igreja Católica, agora, e depois das Igrejas Pentecostais. A tradição do ensino Religioso no Brasil, com exceção de alguns lugares e dioceses muito reacionárias e conservadoras é o Ensino Religioso não confessional", explicou.

Para ele, o Supremo "cedeu ao lobby católico". "Os melhores pensadores do Ensino Religioso em escola pública no Brasil não aceitam a confessionalidade e isso, por imposição autoritária de alguns, não foi respeitado", afirmou.

"O Ensino Religioso, processo de educação da religiosidade, cumpre uma tarefa e a Catequese, processo de educação da fé, cumpre outra tarefa. Ambas dialogam e se entendem muito bem. Simples assim!", finalizou.

Equívoco

Jorge Cláudio Ribeiro, professor titular do departamento de Teologia e Ciências da Religião da PUC-SP, também concorda com a posição do bispo mineiro. Segundo ele, a decisão do Supremo é um equívoco e uma contradição.

"O modelo que admite aulas sobre uma religião específica é um equívoco porque a sociedade é plural no que se refere às religiões, não é uma paróquia, a docência não é um púlpito", afirmou o professor em entrevista à Rádio Brasil Atual nesta sexta-feira (29).

Para ele, "os supremos juízes erraram, porque parece haver uma contradição entre uma disciplina que é optativa e que ao mesmo tempo é confessional, ou seja, é optativa para os alunos e obrigatória para uma religião só".