Denunciado, Temer perde força para votar reforma da Previdência

A reforma da Previdência nunca foi consenso no Congresso Nacional. Diferentemente da reforma trabalhista, a aprovação do texto tinha maior rejeição entre os parlamentares. Agora, com a segunda denúncia contra Michel Temer, o governo já descarta a possibilidade de votação da proposta, a principal promessa dos golpistas ao mercado. 

temer - Evaristo Sá/AFP

Segundo o deputado Beto Mansur (PRB-SP), que integra a tropa de choque de Temer, o governo se esforça para garantir o engavetamento da denúncia da Procuradoria Geral da República (PGR), por lavagem de dinheiro e obstrução à Justiça. Ele está confiante de que vai “ter mais apoios contra a nova denúncia do que obtivemos na anterior”.

No entanto, na contabilidade dos votos da questão da Previdência, o otimismo sumiu. “Podemos até conseguir alguma coisa. Mas ninguém quer mais mexer com essa pauta, que é desgastante. Deputado nenhum quer votar isso”, diz ele, segundo informou a colunista Mônica Bergamo nesta segunda-feira (25).

A proposta de reforma não era consenso nem entre os parlamentares da base aliada. Às vésperas de eleições, o tema se torna cada vez mais espinhoso, já que o texto retira direitos e conquistas dos trabalhadores.

Com a relação arranhada com o governo, por conta de uma disputa de parlamentares dissidentes do PSB com o PMDB, Rodrigo Maia (DEM-RJ), presidente da Câmara dos Deputados, disse que a reforma, hoje, teria “entre 150 e 200 votos”, sendo que o governo precisa de no mínimo 308 para aprovar, além do quórum especial, isto é, três quintos dos parlamentares em dois turnos de discussão, já que se trata de votação de uma emenda constitucional.

Ainda de acordo com fontes do governo, o calendário e o caixa ficaram extremamente apertados, por conta das duas votações das denúncias. Na primeira, o governo liberou R$ 2 bilhões em emendas parlamentares para garantir a votação. Agora, o governo já anunciou a liberação de R$ 1,016 bilhão em emendas – a maior parte será destinada às emendas individuais.

A prioridade é se manter no governo. Por isso, Temer já considera que a reforma da Previdência subiu no telhado, pelo menos para este ano. A equipe econômica do governo dizia que a reforma era crucial para cobrir o rombo fiscal das contas. O secretário de Acompanhamento Econômico do Ministério da Fazenda, Mansueto Almeida, afirmou que, sem reforma da Previdência, não há como cumprir a meta do teto de gastos.