Netanyahu evitou o Brasil devido a denúncia contra Temer

O professor de Relações Internacionais da USP, Samuel Feldberg, falou em entrevista sobre os motivos que estariam por trás do fato do primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, ter evitado o Brasil em sua passagem pela América Latina. Segundo ele, foi por "conveniência" associada a denúncia conta Temer

Primeiro-ministro de Israel Benjamin Netanyahu

O embaixador de Israel no Brasil, Yossi Shelley, afirmou anteriormente, em entrevista à Folha de S. Paulo, que o primeiro-ministro Benjamin Netanyahu desistiu de incluir o Brasil em seu tour pela América Latina porque quando a viagem estava sendo planejada, portanto havia incerteza sobre a permanência de Michel Temer na Presidência da República.

Segundo o embaixador, chefes de Estado e governo devem viajar a outros países sempre convictos de quais são seus efetivos governantes.

Samuel Feldberg, professor de Relações Internacionais da USP (Universidade de São Paulo), especialista em assuntos de todo Oriente Médio, analisa as ponderações do governo de Israel para cancelar a vinda ao Brasil do Primeiro-Ministro Benjamin Netanyahu.

De acordo com ele, a não inclusão do Brasil não está relacionada a alguma indisposição com o governo Temer.

"O protocolo dessas visitas é organizado com antecedência, e no momento em que a visita teria que ser confirmada, o presidente Temer estava justamente no meio do processo que teria determinar decidir se ele seria indiciado ou não", observa Feldeberg.

"E, portanto, os negociadores decidiram que não seria conveniente confirmar uma visita em que o primeiro-ministro Netanyahu chegasse ao Brasil sem que o presidente continuasse no exercício de sua função. Por isso, então, mantiveram somente as visitas de Netanyahu á Argentina e ao México", acrescenta.

O especialista, entretanto, acredita que a não inclusão do Brasil na passagem de Netanyahu pela América Latina não tem relação com nenhuma indisposição israelense em relação ao governo de Temer. Segundo ele, houve "uma reviravolta e uma reforma das posições brasileiras", pois há um maior foco agora nas relações comerciais entre os dois países.