Desemprego de longa duração cria exército de reserva, diz sindicalista

“Quando essa pessoa voltar a ter acesso ao emprego, o conhecimento, a experiência que tinha adquirido antes estarão ultrapassados”, alertou Ivânia Pereira, vice-presidenta da Central de Trabalhadores e Trabalhadoras do Brasil (CTB). A dirigente comentou para o Portal Vermelho a manchete deste domingo (10) do jornal O Globo que divulgou mais um recorde negativo da gestão de Michel Temer: Cresceu o número de trabalhadores que procuram emprego há dois anos ou mais.

Por Railídia Carvalho

desemprego

Os dados são do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE) e afirmam que essa parcela de desempregados de longa duração está em 21,7%. Um em cada cinco desempregados procura emprego há pelo menos dois anos ou mais. São três milhões nesta situação mas sobe para 5,2 milhões se considerar aqueles desempregados que procuram emprego há um ano.

“Isso leva a sociedade a gerar não só um exército de reserva onde vai rebaixar ainda mais a massa salarial, que vai criar impacto direto na economia do país, estados e municípios. O resultado é a queda do consumo e isso vai gerar ainda mais desemprego. Se tem baixo consumo tem queda na economia, as empresas passam a contratar menos”, completou Ivânia.

A vice-presidenta da CTB atribui esse quadro às medidas do governo de Michel Temer. “É o resultado da desconstrução que este governo tem feito por exemplo das empresas públicas. A ruptura que tem feito da forma de contratação dentro dessas empresas como o fim dos concursos públicos tira a possibilidade de homens, mulheres, negros e pessoas mais humildes de ascenderem ao mercado de trabalho”.

Ivânia (foto) ressaltou que o desempregado perde acesso ao crédito, ao consumo e com o ajuste fiscal de Temer não terá a retaguarda das políticas públicas. “Vai virar um pedinte. Ao mesmo tempo que o governo cria essa massa de desempregados no país já com dois ou mais anos de desemprego ele corta 500 mil bolsas famílias, ele corta o acesso dos filhos desse trabalhador à escola pública, ao Prouni, ao Ciência Sem Fronteiras”.

Segundo Ivânia, no cenário de recessão e reforma trabalhista haverá o rebaixamento gigantesco das contratações. “A reforma trabalhista não vai criar um emprego sequer. O rebaixamento da massa salarial, que inibe o consumo, vai impactar diretamente no crescimento das empresas. É um ledo engano achar que essa reforma vai gerar emprego”.

Ivânia alertou ainda que dependendo do perfil desses desempregados de longa duração o custo pode ser alto para o país. “São jovens, mulheres, homens acima de cinquenta? Quem são esses desempregados? Dependendo da resposta pode aprofundar desigualdades e condenar uma geração ao desemprego”, afirmou a dirigente da CTB.