Flávio defende debate amplo de projeto nacional para enfrentar crise

O governador Flávio Dino (PCdoB-MA) e o ex-ministro Ciro Gomes debateram a conjuntura nacional, os rumos e perspectivas para economia do país, na última sexta-feira (18), ao participarem da Semana do Economista, realizado pelo Conselho Regional de Economia do Maranhão (Corecon-MA).

Por Dayane Santos

Flávio Dino e Ciro Gomes - Reprodução

Ciro Gomes destacou que a falta de um projeto nacional para o Brasil fez com que a sociedade civil brasileira se organizasse de forma fragmentária, mas a soma desses movimentos fragmentários não é o projeto nacional.

"A vida da sociedade brasileira não pode ser reduzida a essa coisa medíocre e mesquinha de repartir os brasileiros entre coxinhas e mortadelas. O Brasil na sua complexidade e na sua extraordinária vitalidade, porém na sua problemática não cabe nesses reducionismo que é muito conveniente a um certo conflito paulista que extrapolou de São Paulo para o Brasil e introduziu o ódio e a incapacidade de alteridade de discutir entre diferentes", enfatizou Ciro.

Flávio Dino fez um prognóstico tentando identificar os fatores que desencadearam a crise política atual fazendo uma indagação: "O que aconteceu no momento que tudo estava dando certo e que caminhou para a direção errada?".

"Antes das jornadas de junho de 2013, estávamos celebrando a queda da taxa de juros ao menor patamar das últimas três décadas,. Estávamos celebrando a queda da tarifa de energia, as desonerações fiscais, mas deu errado", enfatizou.

Segundo ele, a esquerda brasileira, por uma série da heranças, acostumou a segmentar a burguesia brasileira dividindo em nacionalista e entreguista, sendo um mais afeito ao desenvolvimento do pais e outro mais comprometido com o imperialismo.

"Nós nos acostumamos a racionar a partir dessa dicotomia", disse o governador. Para ele, a crise atual pode nos livrar dessa armadilha teórica, pois, talvez, os industrialistas se revelaram não tão menos rentistas do que os rentistas propriamente ditos.

"Provavelmente, grande parte daquilo que se imaginava que seria investido em produção, virou especulação. Grande parte do capital que foi liberado por todas essas medidas, não virou geração de emprego, investimento, incremento de produtividade que era essencial para garantir a competitividade do pais. Muito provavelmente tenha sido isso que gerou a tempestade perfeita para nos entramos na crise política que criou a polariza que impede o debate brasileiro", firsou.

Sobre a polarização, Flávio Dino sugeriu uma saída gastronômica para a crise. "Que façamos coxinhas de mortadela. Acho que é uma boa diálética para enfrentar essas contradições que são aparentemente invencísveis e que degradam a vida política em nosso país", brincou.

Um dos desafios, segundo Flávio Dino, é enfrentar a questão fiscal, pois o rombo nas contas vem efeito dominó, afetando aos estados. Além disso, ele defente que é preciso ampliar o debate com setores mais amplos da sociedade que perderam a inserção na crise, que ele chama de centro, mas disse que não se trata dos partidos. "São os segmentos não organizados do povo", frisou ele, destacando que esse segumento perdeu totalmente a inserção no grande debate dos rumos do país. "Não adianta pregar para convertidos e mobilizar os já mobilizados", completou.

Para Ciro Gomes, o encontro realizado pela Corecon é essencial para discutir a política e a economia face à crise. Os debates ajudam a encontrar saídas coletivas para o momento delicado.

“O debate é essencial já que o encontro das crises todas, hoje, sobre a sociedade brasileira é a mais terrível ameaça da história moderna do país, porque encontra-se uma crise econômica cujo o lado mais doído são 14 milhões de desempregados, e há uma crise social, quando, depois de 10 anos de um país melhorando, tem uma reversão grave do quadro de pobreza, e isso se insere no momento em que o cenário internacional também não ajuda”, pontuou.

Ciro elogiou os avanços promovidos pelo governo de Flávio Dino e a sua capacidade política. "Você é a maior autoridade presente e não é só porque é governador, mas porque é uma exceção rara na vida pública do Brasil. Agradeço a oportunidade de repartir está mesa, pois apesar de estarmos muito perto e não dá o devido valor, mas nesse universo de empobrecimento grave ou apodrecimento do estamento político brasileiro, o Flávio Dino é uma exceção absolutamente notável e vocês precisam protegê-lo, não só porque cumprirá uma missão importante no Maranhão, como já está cumprindo, mas tem responsabilidade crescentes com a vida do Brasil", destacou.