Marinaldo Clementino Braga: A morte da democracia

"No Brasil de Temer o que prepondera é a democracia a serviço da elite, contra os trabalhadores e os deserdados. Assiste-se a uma luta de classes que aprofunda a crise que destrói os direitos trabalhistas, assim como o ensaio de proteção social, conquistados a duras penas ao longo do século XX, e a primeira década do século XXI”.

Por *Marinaldo Clementino Brag

bandeira do brasil rota

A democracia construída e enriquecida a partir dos movimentos sociais de base, proclamando um ideal de uma sociedade na qual todos possam caber, a natureza incluída. É o grande desafio dos nossos tempos.

No Brasil de Temer o que prepondera é a democracia a serviço da elite, contra os trabalhadores e os deserdados. Assiste-se a uma luta de classes que aprofunda a crise que destrói os direitos trabalhistas, assim como o ensaio de proteção social, conquistados a duras penas ao longo do século XX, e a primeira década do século XXI. Isso confirma os argumentos desenvolvidos pelo professor Manfredo, de que a democracia na sua essência é incompatível com o capitalismo, principalmente nesta fase em que o mercado é um Deus absoluto.

O capitalismo com sua sede voraz de acumulação, principalmente em nosso país, levou a política ao lugar-comum da corrupção, como forma de se apropriar da soberania e das nossas riquezas. Por isso, a luta nos dias de hoje é para salvar o País e nossas terras de sua entrega ao capital internacional, salvando os nossos irmãos, e buscando a comunhão e a compaixão com os mais necessitados. Em síntese, a democracia no capitalismo e principalmente no Brasil “é uma encenação de hipocrisia refinada, repleta de leis ‘bonitas’, mais feitas sempre em última instância pela elite dominante, para que a ela sirva do começo até o fim (prof. Pedro Demo).

Pelas bandas de cá, a nossa representação, na figura do político se caracteriza por ganhar bem e trabalhar pouco, fazer negociatas, empregar parentes e apaniguados, enriquecer-se às custas dos cofres públicos e entrar nos mercados por cima. É o resultado da colonização predadora de três séculos e meio de escravidão para manter de pé até hoje a casa grande e a senzala.

Se ligássemos democracia com justiça social e igualdade entre os seres humanos, esta vivida por aqui e pelas bandas do norte, seria sua própria negação, já que a exclusão social é sua tônica maior. Esta “democracia impedida” tem que romper com a “democracia mais que delegatícia, que não começa e termina no voto, afirmando uma democracia como modo de relação inclusiva, como valor universal”. (Noberto Bobbio).

*Marinaldo Clementino Braga é Economista.

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