Meirelles:"Cortes estão no limite; só se for em despesas obrigatórias"

O ministro da Fazenda, Henrique Meirelles, afirmou, nesta terça, que há três opções para ajudar o país a equacionar os problemas fiscais de curto prazo: aumentar a previsão de déficit primário, elevar impostos ou cortar de despesas. Antes avesso à revisão da meta e outrora fiador do compromisso – já descumprido – do governo de não elevar a carga tributária, ele reconheceu que os cortes de gastos estão no limite e complementou: "a não ser que haja [permissão para] corte de despesas obrigatórias".

Henrique Meirelles - Marcelo Camargo/ Agência Brasil

As declarações, reproduzidas pelo jornal Valor Econômico, foram dadas no evento “Época Negócios 360º”.

Segundo o G1, Meirelles declarou na ocasião que "as despesas estão realmente abaixo do que seria adequado do ponto de vista do funcionamento de serviços básicos, como educação, saúde e segurança."

Diante do impasse, o ministro agora já admite que “aceitar um aumento do déficit é uma alternativa”. Perguntado sobre qual das três alternativas mencionadas por ele para equilibrar as contas seria a melhor, ele respondeu que "depende de para quem você está falando". E acrescentou que não anteciparia a decisão da Fazenda.

Depois de o governo voltar atrás na possibilidade de aumentar o Imposto de Renda (IR), Meirelles disse que a proposta que estava sendo estudada pela área técnica da Fazenda "não era adequada e, portanto, já foi anunciado que não será aprovada".

O recuo do governo ocorreu após a reação negativa inclusive de vários aliados, como o presidente da Câmara, Rodrigo Maia, e representantes de diversas entidades empresariais. 

Antes da fala do ministro, o presidente da Fiesp, Paulo Skaf, também discursou e disse ter certeza de que "o ministro Meirelles está consciente de que não pode aumentar impostos".

Sobre o equilíbrio fiscal de longo prazo, diante de uma plateia formada majoritariamente por empresários avessos a tributios, Meirelles voltou a fazer alarde sobre a necessidade de aprovar a reforma da Previdência. “Se não tiver reforma da previdência, vai precisar de aumento de imposto”.