Israel anuncia intenção de fechar escritórios da Al Jazeera

Israel anunciou, neste domingo (6), sua intenção de fechar o escritório da emissora catariana Al Jazeera, acusada pelas autoridades de "incitar" a violência, anunciou o Ministério de Comunicações israelense. A emissora, diferentemente dos canais televisivos de Israel, dá voz aos palestinos que lutam para serem respeitados e terem sua soberania e formar um Estado. Israel, por outro lado, não tem interesse em respeitar os palestinos e continua exercendo seu poder sobre esse povo.

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Há anos Tel Aviv acusa a Al Jazeera de parcialidade na cobertura do conflito com os palestinos. Na verdade, o governo israelense evita uma pluralidade de diálogo, em Israel, só a ideia de que eles estão certos no conflito é aceita.

O ministério vai pedir a anulação das credenciais dos jornalistas, assim como o fim da ligações a cabo e por satélite da emissora, indicou um comunicado. O ministro de Segurança Interior também vai começar um procedimento para fechar os escritórios do canal.

A emissora denunciou a decisão do governo e afirmou que vai levar o caso à Justiça.

"A Al Jazeera denuncia essa medida de parte de um Estado que finge ser a única democracia do Oriente Médio", disse à AFP um diretor da emissora, que contou que ela "vai dar sequência ao assunto por meio dos procedimentos legais e judiciários apropriados".

As autoridades israelenses querem ainda limitar a capacidade de conexões de satélites "abertos que permitem à maioria dos espectadores da comunidade árabe e israelense captar" a Al Jazeera, afirmou o ministério, sem dar maiores detalhes.

Os árabes israelenses, descendentes de palestinos que ficaram em suas terras quando o Estado de Israel foi criado em 1948, representam 17,5% da população israelense, em sua maioria judia. Eles têm nacionalidade de Israel e se queixam de sofrer discriminação.

O primeiro-ministro israelense, Benjamin Netanyahu, tinha anunciado no fim de julho que queria expulsar o canal, acusado de atiçar a tensão nas redondezas dos lugares santos de Jerusalém.

O ministério anunciou o fechamento da Al Jazeera após quase duas semanas de tensão na Explanada das Mesquitas, em Jerusalém, onde o Estado hebreu instalou e pouco depois retirou um novo dispositivo de segurança, duramente criticado pelos palestinos e pela comunidade internacional.

Arábia Saudita, Emirados Árabes Unidos, Bahrein e Egito romperam com o Catar em 5 junho. O país é acusado de "sustentar o terrorismo", mas sobretudo de se aproximar de seu grande rival na região, o Irã.

Em Israel, evita-se discutir

O acesso à emissora, fundada há mais de 20 anos pelo governo do Catar, foi bloqueado nos países, que acusam o canal de ter uma orientação "islâmica". Eles também solicitaram que o Catar fechasse a Al Jazeera, uma demanda considerada "inaceitável" pelo Alto Comissariado das Nações Unidas para os Direitos Humanos, pois "compromete a liberdade de informação".

A Al Jazeera tem mais de 80 escritórios no mundo todo é transmitida em várias línguas.