Zveiter diz que governo criou “derrota artificial de seu relatório”

O relator da denúncia contra Temer, deputado Sergio Zveiter (PMDB-RJ), após os debates entre os membros da Comissão de Constituição e Justiça (CCJ), rebateu os ataques da base aliada e as manobras do governo em trocar membros.

Zveiter - Wilson Dias/EBC

Segundo ele, foi armada uma derrota artificial de seu parecer, com a troca de seus membros, e criticou a distribuição de emendas parlamentares e cargos para conseguir votos por parte do governo.

“A derrota que se afigura aqui foi montada artificialmente. Uma derrota aqui não vai ser do parecer, vai ser do povo brasileiro, que quer uma política limpa, honesta, que repudia que deputados eleitos livremente pelo voto se submetam a manobras por emendas parlamentares.”

A comissão encerrou a fase de debates e se encaminha para a votação para decidir se autorizam para que o Supremo Tribunal Federal (STF) julgue a denúncia contra Temer por corrupção passiva.

As declarações de Zveiter foram durante o uso de seus 20 minutos para últimas considerações e o advogado de Temer, Antonio Claudio Mariz de Oliveira, terá outros 20 minutos para defender as suas posições.

Em seguida, os líderes partidários terão direito a um minuto para fazer a orientação dos votos das suas respectivas bancadas, dando início ao processo de votação, com cada deputado registrando o seu voto no painel eletrônico.

Para o relator, a narrativa da denúncia apresentada pela Procuradoria-Geral da República (PGR), por corrupção passiva, é “fortíssima”. Disse ainda que Temer está “a proteger, botar debaixo do tapete, proibir que a sociedade saiba o que aconteceu”.

Zveiter diz que não se intimida com as ameaças de parte do governo de retirá-lo da relatoria do caso, como tem feito com outros parlamentares. Enfatizou que entrou no PMDB “inspirado nas lições de Ulysses Guimarães, que pelo que estou vendo a Executiva do partido e muitos integrantes estão esquecendo”.

O deputado também rechaçou a acusação feita pelo líder do governo, Darcísio Perondi (PMDB-RS), de que ele teria feito apologia ao nazismo. “Eu sou o único judeu no exercício do mandato”, enfatizou ele, dizendo que a acusação foi feita de forma premeditada e com dolo direto, visando lhe atingir por conta de sua crença religiosa. “Se alguém fez apologia ao nazismo neste plenário, foi o próprio Perondi”, rebateu.

“Jamais me curvarei a alguém quando a ofensa for uma atrocidade racista alusiva à minha religião, ainda que dissimulada por um jogo de palavras”, completou.