Mulheres sindicalistas relatam agressão durante vigília no Senado

A vigília realizada no Senado, na terça-feira (11), pelo movimento sindical teve momentos de tensão, momentos de negociações e conversas mas, acima de tudo, muita disposição para resistir ao sepultamento da legislação trabalhista.

Sindicalistas denunciam agressão no Senado na votação da reforma trabalhista - Portal CTB

Um desses momentos aconteceu quando as senadoras Vanessa Grazziotin (PCdoB/AM), Gleise Hoffmann (PT/PR), Fátima Bezerra (PT/RN), Regina Sousa (PT/PI), com o apoio das senadoras Lídice da Mata (PSB/BA) e Kátia Abreu (PMDB/TO), ocuparam a mesa diretora do Senado e permaneceram durante todo o dia, lutando para que o item que permite que as mulheres grávidas ou amamentando possam trabalhar em locais insalubres fosse retirado do texto.

Neste momento, cerca de uma centena de lideranças sindicais, com maioria composta de mulheres sindicalistas que estavam em vigília dentro do Senado, também resolveram prestar sua solidariedade às senadoras, num ato simbólico.

Pressão psicológica

Entretanto, foi quando além de desligar a luz e o som do plenário, a direção do Senado também ordenou o fechamento de todas os acessos, bloqueando, inclusive, as entradas de banheiros ou a locais onde se pudesse tomar água, como forma de pressão psicológica e física aos dirigentes sindicais.

As mulheres decidiram dialogar sobre os acontecimentos e concluíram que se manteriam firmes, apesar das adversidades, solidárias às senadoras que também estavam nas mesmas condições de violência pela presidência da Casa e pela Polícia Legislativa, que por diversos momentos debochou das sindicalistas quando se submetiam à humilhação de implorar o uso dos banheiros.

Tratamento desumano

A Secretária de Mulheres da Fitmetal, Eremi Melo, foi uma das sindicalistas que participou da resistência no Senado. Ela afirmou que o tratamento durante a vigília “foi desumano, pois fomos sitiadas pela segurança sem poder comer, tomar água ou usar o banheiro”. Entretanto, Eremi garantiu que se mantiveram firmes e convocou os trabalhadores e trabalhadoras metalúrgicos do Brasil a continuar a luta em defesa dos seus direitos.

Ailma Maria, presidenta da CTB Goiás, também resistiu com bravura à violência promovida pela segurança do Senado. “O dia 11 de julho é um marco negativo na história brasileira. Nos corredores do Senado fomos mantidas presas, o que dá mostras do quanto é capaz esse governo, que avilta os direitos humanos das mulheres e de todo o povo trabalhador com essa reforma”, afirmou Ailma.

“Lutamos por acreditar que poderíamos, no mínimo, garantir o direito de que uma grávida ou amamentando pudesse trabalhar em local saudável mas, nem uma questão humanitária como essa, sensibilizou os senadores”, disse a cetebista goiana, que garantiu que não haverá desistência do sonho de uma sociedade de justiça social.